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Mais de 52 mil foram massacrados na Nigéria nos últimos 14 anos por serem cristãos

Homem nigeriano rezando o terço

Red Confidential | Shutterstock

Homem nigeriano rezando o terço

Ngala Killian Chimton - publicado em 18/04/23

Só nos primeiros 100 dias deste ano, 1.041 cristãos indefesos foram assassinados no país

Pelo menos 52.250 pessoas foram mortas nos últimos 14 anos na Nigéria apenas por serem cristãs. Os dados são do relatório “Cristãos Mártires na Nigéria”, publicado neste mês de abril pela Sociedade Internacional para as Liberdades Civis e o Estado de Direito (Intersociety), com sede na própria Nigéria. Pelo menos 30.250 foram mortos desde 2015, quando o presidente Muhhamadu Buhari chegou ao poder – de fato, o relatório lhe atribui responsabilidade por estes assassinatos devido ao seu “islamismo radical”, assim como pelo assassinato de cerca de 34.000 muçulmanos moderados que também foram massacrados no mesmo período.

Só nos primeiros 100 dias de 2023, o relatório registra que 1.041 “cristãos indefesos” foram massacrados e pelo menos 707 foram sequestrados. O documento aponta ainda que, sob o presidente Buhari, 18.000 igrejas cristãs e 2.200 escolas cristãs foram incendiadas.

Os ataques contra os cristãos também forçaram milhões de pessoas a fugirem dos seus vilarejos. Há mais de 50 milhões de cristãos, principalmente no norte da Nigéria, enfrentando “sérias ameaças jihadistas pelo simples fato de serem cristãos”. Pelo menos “14 milhões foram desalojados e 8 milhões forçados a fugir de casa para não serem assassinados”, prossegue o relatório. Cerca de “5 milhões foram forçados a recorrer a campos de deslocados internos ou de refugiados”.

O grande número de cristãos e de muçulmanos moderados que foram mortos ou deslocados causa espanto. Andrew Boyd, porta-voz da Release International, que serve à Igreja perseguida em cerca de 30 países, comentou que é “absolutamente espantoso que tantos cristãos sejam mortos na Nigéria por causa da sua fé, enquanto o governo nigeriano se mostra inerte, deixando tudo acontecer. Não é menos chocante que a comunidade internacional pareça satisfeita em ficar de fora só assistindo”.

A fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), em seu próprio relatório, deu voz aos milhares de cristãos perseguidos na Nigéria por causa da sua fé. Uma das vítimas é Maryamu Joseph, que tinha apenas 7 anos quando o Boko Haram, brutal organização jihadista, atacou a sua comunidade em Bazza e a raptou junto com outras 21 pessoas. Ela permaneceu como refém durante nada menos que 9 anos na floresta de Sambisa, de onde só conseguiu escapar em julho de 2022.

“Nove anos em cativeiro! Nove anos de tortura! Nove anos de agonia! Sofremos muito nas mãos dessas pessoas sem coração, implacáveis. Durante nove anos, vimos o derramamento de sangue inocente dos meus irmãos cristãos, mortos por pessoas que não valorizam a vida. Eles mataram sem remorso, como se fosse uma coisa normal de se fazer. Esses nove anos perdidos na floresta de Sambisa não podem ser esquecidos num piscar de olhos. Palavras não podem fazer justiça ao que eu passei”.

Andrew Boyd afirma que a sua organização identifica a Nigéria como “um país de particular preocupação”. Mas o número de mortos às dezenas de milhares e os testemunhos desanimadores de sobreviventes como Maryamu Joseph “gritam com mais clareza do que nós próprios jamais poderíamos gritar”, complementa ele.

“A Release International tem denunciado ano após ano que os cristãos da Nigéria são alvo de militantes islâmicos. Os cristãos da Nigéria não apenas enfrentam massacres nas mãos do Boko Haram e do Estado Islâmico, mas também são mortos diariamente por extremistas Fulani muito bem armados”. Ele se refere aos pastores nômades da etnia Fulani, que se juntaram a grupos extremistas islâmicos.

Segundo Boyd, poderia haver “um êxodo em massa de cristãos do país mais populoso da África, a menos que o novo presidente nigeriano tome medidas urgentes para proteger os cristãos da violência desses jihadistas”. Ele afirma que a sua organização vem trabalhando com parceiros na Nigéria “para fornecer apoio aos cristãos que sofrem”, o que inclui acompanhamento psicológico. “Muitos perderam membros da família, perderam a casa. Estamos trabalhando com parceiros confiáveis para oferecer conforto e apoio. Estamos levando as suas vozes e as suas preocupações para todo o mundo. E continuaremos a fazê-lo”.

De acordo com a Lista de Vigilância 2023 da organização Portas Abertas, divulgada em 17 de janeiro, a Nigéria é um dos lugares mais perigosos do mundo para “seguir Jesus”. O relatório informa que a Nigéria responde por 89% dos cristãos martirizados em todo o mundo.

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CristãosIdeologiaMuçulmanosPerseguiçãoTerrorismoViolência
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