Hollywood adora explorar o exorcismo católico de maneira espetacularizada. Dezenas de filmes e programas de TV destacam este rito sagrado, mas o fazem de forma excessivamente dramática, concentrando-se quase inteiramente nos fenômenos extraordinários que podem vir a ocorrer durante uma possessão.
Acontece que o exorcismo de verdade é muito diferente.
De acordo com o pe. Luis Ramírez, coordenador da conferência anual de exorcistas em Roma, os casos "espetaculares" não são comuns. Em conversa com o portal Crux, o pe. Ramírez declarou que "aquilo que vemos nos filmes são os casos extremos, que são muito raros; não significa que todo exorcismo seja do jeito que vemos no cinema". Ele observa que "é verdade que existem, sim, casos difíceis, que podem nos impactar, mas não é com isso que um exorcista de verdade lida no dia-a-dia".
Mas, então, como é um exorcismo normal?
Em seu livro Demons, Deliverance and Discernment, o pe. Mike Driscoll oferece um esboço básico do rito, explicando os seus vários componentes.
Investigação
Em primeiro lugar, antes de qualquer exorcismo ocorrer, é feita uma investigação completa. O padre costuma se encontrar em várias ocasiões com o indivíduo que sofre a possessão. Muitas vezes, isso pode levar um ano - ou mais. Durante esse período, é realizado um exame psicológico: o psicólogo ajudará o padre a determinar se a pessoa precisa de assistência médica ou se não é este o caso.
Preparação
Caso se conclua que de fato há algo sobrenatural acontecendo, o padre iniciará os preparativos. Ele se confessará e celebrará a missa, não dando ao diabo oportunidades que ele possa usar contra o próprio padre. Além disso, a pessoa possuída também será aconselhada a jejuar, confessar-se e receber a Eucaristia, se puder.
O ritual
O sacerdote conduzirá o rito em local adequado, com a ajuda de alguns assistentes. Essas pessoas também devem estar preparadas espiritualmente de antemão. Sua presença tem a finalidade de ajudar o padre de várias maneiras, inclusive para segurar a pessoa possuída caso seja necessário. Via de regra, um exorcismo nunca é realizado pelo padre sozinho.
O padre, com o crucifixo em mãos, assim como com relíquias de santos, água benta e as orações do rito, dá início ao exorcismo. A ladainha dos santos é recitada e todos são aspergidos com água benta. Reza-se o Salmo 53 e, em seguida, são feitas as orações específicas de exorcismo. Lê-se uma passagem do Evangelho, junto com mais orações de exorcismo.
Se necessário, o sacerdote rezará o Pai-Nosso, a Ave-Maria, o Credo Apostólico, o Cântico de Nossa Senhora (Magnificat), o Cântico de Zacarias (Benedictus) e o Credo Atanásio. Mais salmos e orações também são rezados até que o demônio seja expulso.
Este processo pode levar várias sessões para ser concluído.
Em geral, o padre é instruído a não se dirigir ao demônio, mas simplesmente a fazer as orações do rito e a confiar no poder de Deus. O diabo pode tentar alguma demonstração de poder, mas, no fim das contas, ele é fraco e covarde. Os padres que conduzem exorcismos são treinados para se manterem calmos e controlados durante o exorcismo, com a firme fé de que esses espíritos malignos não são páreo para o poder de Deus.
Seguimento
Terminado o exorcismo, a pessoa que sofreu a possessão é instruída a buscar os sacramentos da Confissão e da Eucaristia para evitar que o demônio volte a possuí-la.