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“O Espelho da Caridade”

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Richard Semik | Shutterstock

Vanderlei de Lima - publicado em 30/04/23

Como se usasse um espelho, Aelredo ensina aos monges o discernimento necessário a respeito dos diferentes graus da caridade em suas almas

“O Espelho da Caridade” – Eis uma das mais importantes obras de Aelredo de Rievaulx (1110-1167), abade cisterciense e doutor da caridade, que a Cultor de Livros nos oferece. Deus seja louvado!

Já de início, surge a questão: Quem são os cistercienses? – O Pe. Dr. João Paulo de Mendonça Dantas, autor da introdução, alicerçado em bons estudiosos, assim nos responde: “No espírito da reforma gregoriana, em 1098, 21 monges de Solesmes (abadia ligada a Cluny), liderados por São Roberto, abade, deixaram o seu antigo mosteiro e fundaram uma nova comunidade monástica com o escopo de viver na simplicidade e na pobreza, uma vida mais fiel à Regra Beneditina. Ao lado do louvor orante, dedicavam-se a longas horas de trabalho manual, valorizavam muito o silêncio e a oração solitária (Lectio divina, meditação etc.) da cela e optaram por uma decoração sacra mais simples e austera (o que incluía os utensílios litúrgicos). […] Por essa razão, os mosteiros cistercienses eram compreendidos como autênticas escolas de caridade, onde os monges, sob o influxo do Espírito Santo, escutavam avidamente o seu Mestre e Senhor, Jesus Cristo. E o que o Sumo Mestre ensina? Ele ensina a caridade, ensina a viver uma vida divina, pois Deus é amor (1Jo 4,8)” (p. 9-10).

Apologia

Em concordância com o que foi dito, o autor da introdução – agora tratando da obra em si – prossegue: “Nesse contexto, podemos compreender que a obra O Espelho da Caridade se apresenta como uma espécie de apologia, na medida em que ensina a observância monástica, curando o coração concupiscente do monge, permite que ele cresça rumo à caridade, e encontre, assim, a bem-aventurança de sua própria vocação” (p. 11). E, mais adiante, detalha: “Esta obra se apresenta como o coração da doutrina de Aelredo. O título indica que se trata de um tratado sobre a prática da perfeição cristã. Como se usasse um espelho, Aelredo ensina aos monges o discernimento necessário a respeito dos diferentes graus da caridade em suas almas” (p. 18). Ele compôs essa obra – importa dizer – para atender a um pedido de São Bernardo de Claraval, o principal nome da Escola Cisterciense de Espiritualidade. Contudo, frisemos isso, “não somente para obedecer ao pedido de um padre, mas também por caridade aos irmãos e com o escopo de sistematizar as suas reflexões precedentes sobre o tema” (idem).

3 partes

A obra de Aelredo se divide em três partes. Na primeira, trata da excelência da caridade (p. 41-142), na segunda, do discernimento necessário e dos frutos da caridade (p. 145-220) e, por fim, na terceira parte, sobre a prática da caridade nas relações, ou seja, em relação a si mesmo, a Deus e ao próximo (p. 223-327). Este conteúdo vem antecedido por uma carta de São Bernardo a Aelredo (p. 29-33) e pelo Prólogo de Aelredo à sua obra (p. 35-37). Na sua humildade, o abade cisterciense assim conclui o Prefácio: “Se desta nossa fatiga sairá alguma coisa conforme aquilo que nos propomos, isto é devido ao dispensador da graça e à vossa oração; se, ao contrário, sair alguma coisa de diferente se atribua à minha falta de talento ou à minha incapacidade de usá-lo. Enfim, para que o notável tamanho da obra não os assuste e não os distraia do trabalho de vocês, passem antes os títulos dos capítulos que estão indicados a seguir, e, depois de tê-los visto, decidam o que ler e o que deixar de lado” (p. 37).

Com a mesma modéstia ou santo temor com que inicia seu nobre escrito, a pedido de São Bernardo, Aelredo o conclui: “Se vocês o tornarem público, como temo, para minha vergonha, suplico ao leitor pelo doce nome de Jesus, que não pense que eu me tenha dado a este trabalho por presunção: impulsionou-me, ao contrário, a autoridade de um pai, a caridade pelos irmãos, e uma necessidade minha. […] Se, porém, alguém tirar desta leitura algum proveito para os seus sentimentos ou para os seus pensamentos, compense os meus suores deste modo: interceda pelos meus inumeráveis pecados junto ao Juiz justo e misericordioso” (p. 326-327). 

Que a leitura meditada desta obra monástica clássica faça bem a muitas almas!
Mais informações aqui: https://cultordelivros.com.br/produtos/espelho-da-caridade/

Tags:
CaridadeLivrosReligiosos
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