Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sexta-feira 19 Abril |
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

Influencers ateístas

Este artigo é exclusivo para os membros de Aleteia Premium
Abandono da religião

Prazis Images | Shutterstock

Pe. José Eduardo - publicado em 05/05/23

Os ateus utilizam contra os crentes um conhecido argumento moral: “se Deus existe, por que há mal no mundo?”

Os influencers ateístas são muito superficiais. Posam de intelectuais, mas só conseguem prevalecer porque falam com outros ateístas ou com crentes que não têm traquejo filosófico.

Os ateus utilizam contra os crentes um conhecido argumento moral: “se Deus existe, por que há mal no mundo?”

Os crentes respondem que essa questão é contraditória, pois, “se existe a noção de mal, é porque há um código moral, que supõe um codificador”.

Então, um ateísta tentava responder essa alegação do seguinte modo: “se eu só posso conhecer o mal através do bem, como uma criança pode conhecer o doce sem conhecer o salgado?”

Ora, o argumento é excessivamente pueril. É evidente que o salgado e o doce são bens de espécies diferentes e que um não consiste na privação do outro.

Essa questão pressupõe uma questão prévia, que é a definição mesma do mal.

Quando um ateu levanta a questão que deu origem ao problema – “se Deus existe, por que existe o mal?” –, ele está supondo que poderia haver um mundo em que o mal não existisse e que isso seria decorrência direta do fato de que Deus é bom, onipotente e onisciente (paradoxo de Pitágoras).

Ora, o problema é que a questão em si mesma apresenta uma noção do mal como referente a um “bem devido”, reafirmando a definição agostino-tomista de que o mal é “privatio boni debitum”, o que supõe de plano a prioridade lógica do bem sobre o mal, portanto, uma ordem prévia chamada de bem.

É evidente que tal ordem só pode acontecer no plano da eternidade, pois a sucessão de mudanças quantificada pelo tempo demanda a passagem da potência ao ato, portanto, de um bem que estava apenas em potência para o mesmo elevado à categoria de ato.

Aqui, entramos em cheio na relação entre o uno e o múltiplo, tal como impostada por Platão, que resolveu a contradição entre Heráclito e Parmênides mostrando que o ser e o não ser existem, mas em planos diversos. A questão será definitivamente respondida por Aristóteles, com a doutrina da potência e do ato; e elevada ao seu máximo alcance por São Tomás, com a doutrina do ser como ato intensivo.

Dizendo-o de outro modo, a questão do mal no mundo supõe a relação entre eternidade e tempo. E essa relação só pode existir porque existe um ente no qual essas categorias coexistem. Aqui, estamos falando do ser humano, que, pela razão, toca o eterno e, pela matéria, toca o temporal.

Sem a existência de um ser simultaneamente psicossomático, a questão do mal não faz o mínimo sentido: as catástrofes seriam apenas eventos naturais; os acidentes na natureza, o acaso e o absurdo seriam tão somente casualidades que reorganizariam a matéria de um determinado modo.

Ora, de que este ser simultaneamente espiritual e material demande uma eternidade que é unicamente percebida como bem definitivo se depreende a existência de um Deus? Obviamente, não. Mas demonstra a sua razoabilidade e, sobretudo, mostra que a pirraça intelectual ateísta manifesta na questão não supõe, ela mesma, uma ordem eterna; e, como toda ordem supõe um principio de ordenação (já que estamos falando de uma realidade em si mesma heterogênea), esse princípio não pode ser outro senão aquele que chamamos Deus.

Portanto, a suposta impugnação ateísta não impugna nada; antes, reafirma e requer, como princípio lógico, a existência mesma do Deus que ela pretende negar.

E assim se liquida a questão.

Pe. José Eduardo Oliveira, via Facebook

Este artigo é exclusivo para os membros Aleteia Premium

Já é membro(a)? Por favor,

Grátis! - Sem compromisso
Você pode cancelar a qualquer momento

1.

Acesso ilimitado ao conteúdo Premium de Aleteia

2.

Acesso exclusivo à nossa rede de centenas de mosteiros que irão rezar por suas intenções

3.

Acesso exclusivo ao boletim Direto do Vaticano

4.

Acesso exclusivo à nossa Resenha de Imprensa internacional

5.

Acesso exclusivo à nova área de comentários

6.

Anúncios limitados

Apoie o jornalismo que promove os valores católicos
Apoie o jornalismo que promove os valores católicos

Tags:
AteismoComunicaçãoRedes sociaisReligião
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia