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Quem são os Padres da Igreja?

Church Fathers

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Vanderlei de Lima - publicado em 07/05/23

Entenda qual é a definição de Patrologia e como ela se distingue de Patrística

Dentre os cursos escritos por Dom Estêvão Tavares Bettencourt, OSB, para Escola Mater Ecclesiae, da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, destaca-se o de Patrologia.

Expliquemos, logo de início, a definição de Patrologia e como se distingue de Patrística. Pois bem, “Patrologia é a ciência teológica que estuda os Padres da Igreja ou os escritores da antiguidade cristã. São de grande valor, porque contribuíram para a reta formulação das verdades da fé contidas na Revelação Divina e, não raramente, desfiguradas por heresias. O nome ‘Patrologia’ aparece pela primeira vez sob a pena do teólogo luterano João Gerhard († 1637), cuja Patrologia foi publicada em caráter póstumo no ano de 1653. O termo ‘Patrística’ supõe o substantivo Teologia. Teologia patrística ou Patrística é a explanação da doutrina dos Padres referente aos artigos de fé” (p. 18). Em suma, a Patrologia estuda os Padres da Igreja em sua vida e obras e a Patrística se volta, de um modo muito especial, à doutrina ensinada por esses Padres.

Pergunta-se, no entanto: quem são os Padres da Igreja? – Respondemos que eles são “escritores (não necessariamente presbíteros ou bispos) que nos primeiros séculos contribuíram para a exata elaboração e a precisa formulação das verdades da fé em tempos de debates teológicos com escolas heréticas” (Dom Estêvão Bettencourt, OSB. História da Igreja. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2012, p. 16). Distingue-se a Patrologia em Grega (PG) e Latina (PL). Ela vai dos primórdios até o século VII, no Ocidente, com São Gregório Magno († 604), e até o VIII, no Oriente, com São João Damasceno († 749). 

Ainda: são chamados de Padres apostólicos os que conviveram com os apóstolos ou com discípulos imediatos deles (cf. p. 27-49) e Padres apologistas aqueles que, já a partir do século II, se colocaram na defesa (= apologia) da reta fé ante os múltiplos ataques à Igreja. Dos Santos Padres se distinguem os chamados escritores eclesiásticos e os doutores da Igreja. Daí a justa questão: quais características os une e quais os diferencia? – Respondemos que para ser considerado Padre da Igreja são necessárias quatro notas: a) ortodoxia ou retidão da doutrina; b) santidade de vida que tanto os contemporâneos quanto os posteriores reconheçam; c) aprovação da Igreja – não necessariamente de modo explícito – a partir do que ensinou pela palavra oral ou escrita e d) antiguidade, ou seja, há de ter vivido entre os séculos I e VIII. Os escritores eclesiásticos, por sua vez, carecem de uma ou mais dessas quatro notas. Já os doutores da Igreja reúnem em si as notas a, b e c, mas não a d. (cf. p. 19-20). 

Aqui, surge uma dúvida interessante aos estudiosos, mas nós, de pronto, a esclareceremos. Trata-se do seguinte: Se para ser considerado Padre da Igreja, é preciso ter vivido entre os séculos I e VIII, por que São Bernardo de Claraval é tido como “o último dos Padres”, se viveu no século XII? – O Papa Bento XVI, em sua Audiência Geral de 21/10/2009, nos responde que o santo cisterciense foi “chamado ‘o último dos Padres’ da Igreja, porque no século XII, mais uma vez, renovou e tornou presente a grande teologia dos Padres”. Em outras palavras, seus ensinamentos são tão exímios que, mesmo em época tardia, o abade de Claraval mereceu tão nobre título. 

Pois bem, o Curso de Patrologia ora apresentado, além da sua importância ímpar por tratar dos primórdios da Igreja e da formulação da reta fé, traz alguns capítulos que tocam, muito de perto, a vida monástica em seus inícios e imediato desenvolvimento. Assim, o capítulo 13 descreve os monges (p. 166); o 15 trata da vida de Santo Antão, pai dos eremitas (p. 187-188); o 16 cita São Basílio e sua Regra monástica (p. 198-199); o 20 apresenta oportunos aspectos do monaquismo ocidental (p. 240-241); o 25 e o 26 (p. 285-306) falam de São João Crisóstomo. No capítulo 35, São Cirilo escreve aos monges (p. 403) e no 38 aparecem São Gregório Magno e São Bento de Núrsia, patriarca dos monges do Ocidente (p. 432-439). Mencionem-se ainda São Jerônimo (p. 307-332) e Santo Agostinho de Hipona (p. 345-373).

Desejamos frutuoso estudo dessa rica obra da Mater Ecclesiae que, revisada por Luís Cláudio Moraes Correia, em 2021, é um verdadeiro tesouro da Teologia.

Para mais informações clique aqui.

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