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Ela tem uma doença degenerativa e afirma: “O Senhor me dará tudo o que eu precisar quando chegar a hora”

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Avec l'aimable autorisation d'Anne-Claire Cassan.

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Caroline Moulinet - publicado em 11/05/23

Anne é casada e mãe de cinco filhos. Na quarta gravidez, foi diagnosticada com a doença de Charcot-Marie-Tooth, que causa a atrofia precoce dos músculos. Ela compartilhou com a Aleteia o caminho de fé e esperança que percorre todos os dias

A doença degenerativa não é a primeira provação que Anne-Claire enfrentou. Quando ela tinha apenas 18 anos, sua mãe foi chamada por Deus. Alguns anos depois, foi a vez do pai dela. Seria perfeitamente compreensível perguntar: Por que tantas provações para a mesma pessoa? Mas Anne-Claire testemunha: “Descobri minha doença durante minha quarta gravidez, quando as mulheres geralmente são afetadas por volta dos vinte anos. Os meninos ainda mais cedo. Eu realmente acho que o Senhor me preservou. Ele me preparou para aceitar a minha doença. Sei agora que viverei outras provações, mas que o Senhor sempre estará comigo, estou preparada para trilhar o caminho que Ele me propõe.”

É relendo a história de sua vida que Anne-Claire vê a maravilha da ação de Deus. Ela confidencia: “Aos 18 anos, não aceitei a morte da minha mãe. Eu endureci meu coração, deixei Deus de lado, tive que me segurar para não deixar meus estudos. Foi meu marido quem me trouxe de volta a Deus. Ele me levou a uma igreja e, naquele dia, tive um encontro pessoal com o Senhor. As palavras que ouvi foram para mim, abriram meu coração. Este Deus a quem culpei por todo o mal que eu estava passando, disse-me que me ama e me convidou a me abrir à sua ajuda.”

Aceite seus limites

Anne-Claire era uma pessoa ativa, que nunca pedia ajuda. Desde a morte dos pais, seu desejo de se defender sozinha aumentou. “Naquele momento da minha vida, tive que seguir em frente. Só que eu permaneci uma mulher com seus limites. Com a minha doença, fui obrigada a parar, a não mais contar com minhas próprias forças, a aceitar que meus limites tinham sido atingidos. Eu só podia olhar para o céu e clamar ao Senhor.”

Aliás, é essa atitude de parar, de tirar um tempo para viver, que Anne-Claire quer aconselhar a todos. “Meu corpo está em constante dor. De manhã, tenho que planejar os intervalos. Agora percebo como esses momentos são preciosos. Eu poderia passar sem a dor, mas ter a oportunidade de ter tempo para mergulhar dentro de mim e rezar é um verdadeiro presente”, afirma.

Ela continua: “Se meu testemunho pudesse dar às pessoas o gatilho para buscar a presença de Deus dentro delas… Ele pede apenas para agir dentro de nós, mas, para isso, devemos aprender a parar. Devemos ousar beber a palavra de Deus. Devemos concordar em deixá-lo agir.”

A mãe de família ainda partilha: “Hoje, a sociedade dá ênfase ao bem-estar pessoal, e isso é bom no sentido de que você não precisa se deixar trancar em suas feridas, endurecer-se, mas não precisa parar por aí. Bem-estar sim, mas depois poder ir ao encontro dos outros, dar-se por sua vez. A minha doença obriga-me a pedir ajuda, e isso é bom. Ao me recusar a pedir ajuda, eu estava privando o outro de uma oportunidade de se tornar um santo. Ao pedir ajuda, apelo à bondade das pessoas e, portanto, à presença de Deus nelas”.

Pequenas luzes de Deus

Anne-Claire é devota de Santo Inácio e Santa Teresinha: “Eu me surpreendo com todas as pequenas luzes de Deus em minha vida diária. Você tem que reservar um tempo para reler sua vida, para olhar e ver esses tesouros. Eles não devem ser deixados de lado ou ignorados, pois estão além de nós e, portanto, podem ser um pouco assustadores. São uma reserva de consolo quando chega um momento mais doloroso. Esses momentos cotidianos fazem minha esperança. O Reino dos Céus já está entre nós, num simples olhar ou num gesto de consolação.”

Ela acrescenta: “Quanto mais avanço no meu caminho, mais sinto uma paz profunda e uma verdadeira alegria. No começo, eu estava furiosa. Sofro de uma doença degenerativa, que significa ‘perder as qualidades’! Mas não é isso! Estou perdendo gradualmente minhas habilidades, mas não estou perdendo minhas qualidades. Eu sei que vou continuar a encolher. Se eu focar no que estou perdendo, não tem jeito, mas eu quero viver! Creio que o Senhor me dará tudo de que preciso quando chegar a hora.”

Conselho aos jovens e às mães

Esposa e mãe, Anne-Claire deseja dirigir-se tanto aos jovens como às mães. Sua doença não permite que ela trabalhe. Ela não traz renda para a casa, não tem boas ações para apresentar ao reconhecimento do mundo. No entanto, ela semeia. Ela compartilha a luz de Deus ao seu redor, começando por sua família.

“O meu sucesso não estará no dinheiro, nos imóveis ou na fama que deixarei aos meus filhos; espero poder deixar-lhes um exemplo de vontade de seguir em frente, sem ser esmagada pelas provações. Um testemunho de que podemos ser sorridentes e luminosos e dar de nós mesmos, mesmo quando já perdemos tanto”, confidencia.

Ela dá um recado para as mães: “Que as mães de família não subestimem seu valor. A fé é recebida no batismo, mas deve ser ativada, e as mães devem redescobrir o sentido de sua missão: levar seus filhos a Deus.”

Já aos jovens, um apelo: “Que os jovens parem de olhar para as redes sociais onde todos são iguais. Cada um é único! Que o jovem busque em si o que faz a sua diferença, a sua singularidade. O Senhor os ajudará.”

Transcendência e humildade

Anne-Claire escolheu escrever para testemunhar. Não para convencer, mas para lembrar o mundo de sua necessidade de transcendência. “O homem quer administrar tudo, explicar tudo, controlar tudo, mas é bom manter o mistério, aceitar sem entender tudo, permite que você permaneça humilde.”

Neste abrandamento causado pela sua doença, Anne-Claire encontra o silêncio necessário que lhe permite deixar ressoar dentro de si a Palavra. “Fé e Esperança dão grande liberdade. A liberdade de se libertar do que os outros pensam, a liberdade de ir aonde o Senhor chama. Cada caminho é único”, conclui.

E é, de fato, um caminho, o caminho de uma vida inteira rumo ao Céu, junto a Jesus e Maria.

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