Os seguintes versículos dos Atos dos Apóstolos associam a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos e o recebimento de um dom particular de “falar em línguas”.
Os apóstolos ficaram maravilhados com esse presente, pois descobriram que, embora o lugar estivesse cheio de uma grande variedade de pessoas que falavam línguas diferentes, todos ouviam e entendiam o que estava sendo dito.
Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (Atos 2, 1-4).
Desde então, alguns cristãos experimentaram um fenômeno semelhante e afirmam ter recebido o “dom de línguas”, sendo capazes de interpretar e falar línguas que lhes eram estranhas.
O Catecismo da Igreja Católica fala desse tipo de dom milagroso como um “carisma” especial:
A graça é, antes de tudo e principalmente, o dom do Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas também compreende os dons que o Espírito nos dá, para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar na salvação dos outros e no crescimento do corpo Místico de Cristo, que é a Igreja. São as graças sacramentais, dons próprios dos diferentes sacramentos. São, além disso, as graças especiais, também chamadas «carismas», segundo o termo grego empregado por São Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Qualquer que seja o seu carácter, por vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas estão ordenados para a graça santificante e têm por finalidade o bem comum da Igreja. Estão ao serviço da caridade que edifica a Igreja (Catecismo, nº 2003).
Segundo a Enciclopédia Católica, Santo Irineu registrou que muitos de seus contemporâneos foram ouvidos falando por dom do Espírito em línguas diversas; São Francisco Xavier teria pregado em línguas que desconhecia; e São Vincent Ferrer usava a sua própria língua, mas era compreendido na língua de seus ouvintes.
O dom de línguas é exatamente isso: um dom especial dado por Deus para um propósito específico na edificação do Seu reino.
Recentemente, este carisma especial tornou-se uma característica de vários grupos católicos e cristãos. O movimento da Renovação Carismática Católica, por exemplo, tem muito a dizer sobre este dom particular e como ele é utilizado pela Igreja. Seu site em inglês observa que “falar em línguas” não deve ser confundido com “orar em línguas”: neste último caso, a oração pode soar como uma série de declarações não identificáveis.
Relativamente poucas pessoas recebem o carisma de falar em línguas, pois Deus concede vários tipos de dons a cada pessoa, não buscando uniformidade, mas diversidade. São Paulo explica isso em sua carta aos coríntios:
Há diversidade de dons, mas um só Espírito. Os ministérios são diversos, mas um só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. A cada um é dada a manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos esses dons, repartindo a cada um como lhe apraz (1 Coríntios 12, 4-11).
Trata-se, em suma, de um dom de Deus, dirigido a um propósito e que deve ser recebido de coração aberto.