Para as pessoas "desconectadas umas das outras, anestesiadas pela indiferença e oprimidas pela solidão", o Papa Francisco recomendou o recurso ao Espírito Santo, durante a missa que celebrou na festa de Pentecostes, em 28 de maio, na Basílica de São Pedro. Sem o Espírito Santo, o Papa também disse, "a fé é apenas uma doutrina, a moralidade apenas um dever".
"Tantas guerras, tantos conflitos: o mal que o homem pode realizar parece inacreditável", lamentou o 266º Papa em sua homilia. Por trás dessas "hostilidades", ele denunciou "o espírito de divisão, o demônio", que "se deleita com antagonismos, injustiças e calúnias".
Sem o Espírito Santo, "a Igreja é inerte"
Observando que "nossos esforços para construir a harmonia não são suficientes", o chefe da Igreja Católica recomendou o recurso ao Espírito Santo, que "renova a terra, […] não mudando a realidade, mas harmonizando-a".
Sem o Espírito Santo, insistiu o sucessor de Pedro, "a Igreja é inerte, a fé é apenas uma doutrina, a moral é apenas um dever, o trabalho pastoral é apenas um trabalho". É "Dele, acima de tudo, que a Igreja precisa hoje", disse ele. E pediu: "Coloquemos o Espírito Santo de volta no centro da Igreja, caso contrário, nossos corações não estarão ardendo de amor por Jesus, mas por nós mesmos".
O Bispo de Roma também pediu que "o Espírito seja colocado no início e no coração do trabalho do Sínodo". O "Sínodo sobre a Sinodalidade" - um processo de reflexão sobre o futuro da Igreja, que começará em 2021 e terminará em 2024 - não tem como objetivo "reivindicar direitos e necessidades de acordo com a agenda do mundo", nem "ir aonde o vento nos levar", reiterou.
Andar de acordo com o Espírito
O Espírito Santo não tem um "projeto estruturado", nem um "plano preciso e articulado", acrescentou o pontífice argentino, criticando de passagem as "doutrinas frias, que parecem matemáticas", de certos teólogos.
Para "andar de acordo com o Espírito" com sucesso, o Papa aconselhou invocá-lo diariamente. "Digamos a ele todos os dias: vem! [Comecemos cada dia rezando a ele". Ele deixou a assembleia com algumas perguntas: "Sou rápido para julgar, apontar o dedo e bater a porta na cara dos outros, vendo-me como vítima de tudo e de todos? […] Ou eu perdoo, promovo a reconciliação e crio comunhão?".
"Se o mundo está dividido, se a Igreja está polarizada, se o coração está fragmentado, não percamos tempo criticando os outros e ficando com raiva de nós mesmos, mas invoquemos o Espírito, ele é capaz de resolver", concluiu o Papa.