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Como perdoar um colega de trabalho após um conflito?

Reunião de trabalho

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Pierre D’Elbée - publicado em 05/06/23

O perdão sincero ajuda a restaurar a confiança que foi traída. Mas ele deve ser dado e recebido. Veja quando isso é possível:

Steve Jobs o tirou da Coca-Cola em 1983 com a famosa frase: “Você vai vender água com açúcar a vida toda ou quer mudar o mundo comigo?” Quando John Sculley entrou para a Apple, tornou-se amigo de seu fundador. Dois anos depois, John e Steve se desentenderam em relação à estratégia. No final, o Conselho de Administração demitiu Steve Jobs, arbitrando em favor de John Sculley, que assumiu seu lugar à frente do grupo até 1993. Essa situação foi vista como uma intensa traição por parte de Steve Jobs.

A deslealdade é comum nas organizações. Mas a traição vai além disso: é a quebra de toda uma confiança, o fato de ser inesperada, a força do que está em jogo e a emoção que desperta. É uma constatação terrível e mais comum do que se imagina. Ela é vivenciada por funcionários que estão à mercê de uma gerência inescrupulosa, por gerentes em risco que são decepcionados por seus superiores ou criticados por colegas ambiciosos e, é claro, por funcionários com os quais compromissos essenciais não são cumpridos.

Perdoar ou falar?

O que devemos pensar sobre os conselhos de como “gerenciar” uma traição? Manter a calma, comunicar-se com o traidor, gritar na floresta… parecem-me técnicas bastante irrisórias em comparação com a ferida íntima de uma traição. Não consigo ver outra atitude – como no caso da traição no amor – a não ser o perdão ou o rompimento. Não vou entrar na questão de romper as coisas, excluir a outra pessoa ou decidir sair de sua posição: essa é a solução mais simples e, muitas vezes, a mais razoável… quando é possível.

O que acontece quando você é forçado a permanecer em um relacionamento com alguém por quem se sente traído? Reagir, esquecer (mas isso é realmente possível?) ou reconciliar? O perdão não é uma palavra comum no mundo profissional. O direito de cometer erros é mencionado – temporariamente e em casos específicos – mas o perdão?

De fato, nove meses após o escândalo do dieselgate, o chefe da Volkswagen, Mattias Müller, pediu perdão aos acionistas: “Em nome do Grupo Volkswagen, peço perdão aos acionistas por ter traído sua confiança”. Esse tipo de declaração pode ser interpretado como pura comunicação institucional, mas não funciona se as pessoas com as quais você está falando o veem como nada mais do que “comunicação”. Um falso pedido de perdão pode até produzir o efeito oposto e aumentar a indignação!

O perdão restaura a confiança

Não se brinca quando se trata de confiança interpessoal. O cinismo que banaliza a traição e ridiculariza o perdão sempre acaba nos custando caro. O perdão sincero ajuda a restaurar a confiança traída. Ele precisa ser dado e recebido. Um é tão difícil quanto o outro. Ele se baseia em palavras sinceras, ações visíveis e um longo período de tempo. É a marca da pessoa mais madura, que, além dos traços de personalidade, quer apagar o erro cometido.

O maior arrependimento de John Sculley? Não ter recontratado Steve Jobs quando ele ainda estava à frente da Apple. “Eu não fiz isso, foi um grande erro. Não consigo entender por que não tive a sabedoria de fazer isso”. Traição e perdão, dois extremos do ser humano capazes do pior e do melhor. Ser lúcido em relação à traição não é motivo para desespero: algumas pessoas conseguem se perdoar por atos graves, ou então se arrependem amargamente de não tê-lo feito. Como John Sculley.

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