Monges são, realmente, astutos. Eles fabricam cerveja, destilam licores, constroem impressionantes abadias, revolucionam a arte e a ciência, inventam perfumes e também produzem deliciosos doces, como os icônicos pastéis de Belém.
De fato, a história da invenção desta iguaria de nata confunde-se com a rica história do Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, que fica no bairro de Belém – daí o nome do pastel.
O ano era 1837, época em que Portugal (como a maior parte da Europa) vivia um período de turbulência política e religiosa, incluindo o fechamento de muitos mosteiros e conventos. Os monges residentes no Mosteiro dos Jerónimos enfrentaram desafios significativos, com os seus meios de subsistência a escassearem, deixando-os numa situação precária. Foi aí que eles recorreram à culinária.
Baseando-se em técnicas e receitas monásticas tradicionais transmitidas por gerações de monges, eles criaram uma nova iguaria - o pastel de nata (ou pastel de Belém). A deliciosa invenção, feita à base de massa folhada e recheios cremosos, foi um sucesso instantâneo entre os moradores e visitantes.
A receita secreta do pastel de nata permaneceu guardada nas paredes do mosteiro durante muitos anos. No entanto, os monges logo perceberam que a receita tinha potencial para atingir um público mais amplo. Pensando nisso, fundaram a famosa confeitaria Pastéis de Belém, que existe até hoje.
A confeitaria passou a ser a guardiã da receita dos monges, garantindo a sua preservação e perpetuação. O sucesso do estabelecimento, aliado à crescente popularidade do pastel de nata, fizeram deste doce um tesouro de Portugal, um símbolo da gastronomia portuguesa e um saboroso testemunho do engenho e resiliência dos monges do Mosteiro dos Jerónimos.
Então, da próxima vez que você saborear um pastel de nata, lembre-se dos monges cuja deliciosa invenção conta uma história de resistência, inovação e busca pela preservação da tradição.