Eles permanecem comprometidos com as suas tradições de austeridade, pesquisa intelectual e contemplação, preservando o legado de São Jerônimo
A ordem católica monástica dos jerônimos, ou Ordem de São Jerônimo, foi fundada no século XIV, mas sua inspiração carismática remonta à influente figura de São Jerônimo, teólogo e estudioso cristão primitivo conhecido principalmente pela sua tradução da Bíblia para o latim – a Vulgata. Seu nome, em grego, significa “aquele de nome sagrado”.
Assim como ocorre com muitas outras ordens contemplativas, a dos jerônimos segue a Regra de Santo Agostinho.
Seu primeiro mosteiro oficial foi estabelecido perto de Toledo, na Espanha, mas a ordem se desenvolveu a partir de um interesse bastante espontâneo de algumas comunidades eremíticas tanto na Espanha quanto em Portugal, imitando a vida de São Jerônimo: uma vida semi-eremítica dedicada à contemplação e ao estudo. Esse modo de vida logo se difundiu pela Espanha. Dois desses eremitas, Pedro Fernández y Pecha e Fernando Yáñez y de Figueroa, consideraram que seria mais proveitoso adotar um modo de vida mais regular, em comunidade, sob uma regra monástica autorizada.
Sob sua liderança, o Mosteiro de São Bartolomeu foi fundado em Lupiana, com Fernández y Pecha atuando como o primeiro prior. Imediatamente depois, em 1373, o Papa Gregório XI emitiu uma bula papal reconhecendo-os como ordem religiosa. Em 1415, já havia 25 mosteiros jerônimos na Espanha. A ordem rapidamente se destacou no mundo católico e atraiu numerosos membros em toda a Península Ibérica.
Durante os séculos XV e XVI, os jerônimos viveram um período de expansão e reforma, recebendo o patrocínio dos reis de Espanha e Portugal, que apoiaram os seus mosteiros para que a ordem pudesse contribuir para a vida intelectual e cultural da época. Seus membros se dedicavam ao estudo das Escrituras, à pesquisa teológica e à preservação de textos antigos. As bibliotecas da ordem se tornaram repositórios renomados de conhecimento. De fato, muitos monges jerônimos eram estudiosos, teólogos e escritores por mérito próprio.
No entanto, como tantas outras ordens religiosas, também eles enfrentaram desafios durante a Reforma e os subsequentes períodos de turbulência religiosa. A ordem sofreu um declínio em seu número de membros e teve mosteiros suprimidos em vários países. Apesar disso, os jerônimos conseguiram sobreviver e se adaptar aos novos tempos, continuando a sua missão de oração, contemplação e atividades acadêmicas – ainda que tivessem de recorrer à panificação e à venda de pastéis de nata para sustentar-se em tempos difíceis.
Nos dias de hoje, a Ordem dos Jerônimos ainda existe, embora com número bastante pequeno de membros: 26 conventos e apenas um mosteiro masculino permanecem ativos na atualidade. Seus mosteiros continuam sendo lugares de retiro, oração e estudo. Os jerônimos permanecem comprometidos com as suas tradições de austeridade, pesquisa intelectual e contemplação, preservando o legado de São Jerônimo.