As popularmente conhecidas Monjas Concepcionistas Franciscanas fazem parte da Ordem da Imaculada Conceição (OIC) fundada por Santa Beatriz da Silva (1437-1492), no ano de 1484, em Toledo, Espanha, e aprovada pelo Papa Inocêncio VIII, por meio da Bula Inter Universa, em 30/04/1489.
De pronto, vale a pena recordar, ainda que muito brevemente, a trajetória da santa fundadora. Beatriz era portuguesa, de origem nobre e fisicamente muito bonita. Vivendo, no palácio real, entre outros parentes, como dama da Corte, logo começou a despertar ciúmes na própria rainha Isabel. Esta planejava se vingar da bela jovem.
Dom Orani Tempesta, O. Cist., cardeal arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, é quem registra: “A rainha Isabel já armara seu plano vingativo: matar Beatriz sufocada dentro de um baú em um dos labirintos do castelo real. O ódio da esposa do rei se concretizou e a jovem dama foi atraída para um local subterrâneo, no qual deveria entrar em um baú para procurar algo para sua senhora. Mal entrou e a própria rainha a trancou e desapareceu. No entanto, por uma graça especial ou mesmo por um milagre, nossa jovem não morreu, mas recebeu consolo do céu. Sim, a própria Virgem Maria pareceu desenhar-se à sua frente com um vestido branco, manto azul e véu preto, assim como seria o hábito da Ordem a nascer muitos anos depois” (Santa Beatriz da Silva nos descortina os valores eternos, Jornal do Brasil, 02/02/2016, on-line).
Depois dessa tentativa de assassinato por parte da rainha Isabel, Beatriz foi para o Mosteiro das Dominicanas de San Domingos el Real, onde sua tia era abadessa. Lá ficou durante 30 anos sem emitir votos religiosos, apenas como leiga, aguardando o momento de iniciar a obra a ela confiada pela Imaculada. Embora não fosse consagrada, como as religiosas daquele mosteiro, já possuía grande fama de santidade e era muito querida pelas monjas dominicanas. Com apoio material da rainha Isabel, a Católica, filha de sua antiga perseguidora, e espiritual de Frei João de Tolosa, franciscano, iniciou, em 1484, em Toledo, a Ordem da Imaculada Conceição que, anos antes, dentro do baú, já vislumbrara.
A Regra de Vida das Monjas Concepcionistas diz que “a Ordem da Imaculada Conceição é integralmente contemplativa. Seduzida pelo amor eterno de Deus, vive o mistério de Cristo a partir da fé, da oração constante, da disponibilidade e do ocultamento silencioso”. E mais: “As Concepcionistas se consagram totalmente a Deus, desposando-se com Jesus Cristo, nosso Redentor, em honra da Conceição Imaculada de sua Mãe, pela profissão dos conselhos evangélicos de obediência, sem nada de próprio e em castidade, vividos em comunhão fraterna e em perpétua clausura” (Regra [R] 1).
Assim, “ser concepcionista, ou seja, pertencer à Ordem da Imaculada Conceição é um dom e uma graça do Bom Deus. O carisma concepcionista é inteiramente atual e proclama ao mundo a grandeza de Deus realizada por meio da Imaculada Conceição de Maria. Em Maria, está toda a beleza do Espírito e a glória de toda a criação! Com Maria, a concepcionista vive a disponibilidade total, a ação de Deus em ocultamento silencioso, aprendendo como Ela a ser uma prolongação ativa da ação Divina na História da Salvação e da Igreja. E assim: ‘Fazer-se um só espírito com Cristo’ (R 30). A concepcionista, fiel à sua vocação de vida religiosa contemplativa e devotada ao carisma de Santa Beatriz, segue, com Maria, os passos de Jesus Cristo, procurando ter sobre todas as coisas o Espírito do Senhor e sua santa intervenção, com pureza de coração e oração devota” (Da explicação on-line de uma monja concepcionista anônima por nós consultada).
Em suma, a Ordem da Imaculada Conceição é totalmente contemplativa, isto é, de clausura papal (cf. Código de Direito Canônico, cânon 667 § 3). Portanto, as monjas são chamadas à vida de oração (Santa Missa, Liturgia das Horas, devoções particulares), de trabalho, de estudos e também de sadia recreação no interior do próprio mosteiro que tem, via de regra, ambiente amplo para uma vida humanamente saudável em busca do Senhor, na sua Igreja, pelas mãos maternas de Maria, a Imaculada Conceição.
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