A instituição também oferecerá meios contraceptivos e "cuidados de afirmação de gênero" aos estudantes
O recém-anunciado plano de saúde estudantil da Universidade de San Diego (USD), uma instituição católica particular na Califórnia, inclui a cobertura de 100% dos custos de suas alunas com abortos, muito embora o aborto vá frontalmente contra a doutrina da Igreja. A entidade também oferecerá meios contraceptivos e “cuidados de afirmação de gênero” aos estudantes.
A mudança no plano de saúde, contratado junto à Aetna Student Health, foi noticiada neste 10 de agosto pelo portal conservador Campus Reform, focado no ensino superior norte-americano. O portal procurou a diocese de San Diego para solicitar esclarecimentos ao público, mas o representante diocesano requisitado optou por não comentar o assunto no momento.
O Catecismo da Igreja Católica deixa claro que o aborto é incompatível com a doutrina cristã porque se trata do assassinato de um ser humano indefeso, já que é um fato cientificamente inegável que, desde o momento da concepção, o embrião já é um indivíduo humano perfeitamente distinto dos próprios pais e não apenas um genérico “aglomerado de células”, como alega, falsamente, a narrativa pró-aborto. A contracepção e a ideologia de gênero também estão em desacordo com a fé católica, tanto que o Papa Francisco denuncia a ideologia de gênero como “uma das mais perigosas colonizações ideológicas”.
Se por um lado não obteve respostas da diocese de San Diego, o Campus Reform conseguiu contato com uma representante da USD, Lissette Martinez. De acordo com ela, a universidade não se qualifica como “empregador religioso” na Califórnia e, portanto, não pode isentar-se de seguir a legislação estadual que exige que as escolas de ensino superior forneçam acesso ao aborto, à contracepção e aos “cuidados de afirmação de gênero”:
“A Universidade de San Diego tem orgulho da sua história e afiliação à Igreja Católica. Inspirada pela tradição do ensino superior católico, a USD recebe pessoas de todas as tradições religiosas e com qualquer ou nenhuma formação religiosa na sua comunidade de estudantes e colaboradores. Por causa dessa abordagem inclusiva no tocante à educação e ao emprego, a USD não se encaixa na definição do estatuto de ‘empregador religioso'”.
Lissette Martinez admitiu, portanto, o vínculo da entidade com a Igreja, mas não deixou claro por que a instituição não poderia ser qualificada como “empregador religioso”. O próprio site da USD explicita que a admissão de alunos de todas as origens e crenças não impede a entidade de afirmar-se como “universidade católica”, alegando que “há muitas facetas em nossa comunidade de fé: como universidade católica, acolhemos e incluímos estudantes de todas as origens e tradições religiosas, criando uma comunidade solidária onde todos podem sentir-se partícipes e crescer na sua espiritualidade. Ao longo de todo o ano, oferecemos Missas, encontros de oração, retiros e grupos de partilha da fé”.
A representante da USD acrescenta que a universidade incentiva seus alunos a “consultar os médicos sobre o melhor tratamento para qualquer questão de saúde”, ressaltando que, “como universidade católica independente que atua no estado da Califórnia, a Universidade de San Diego é obrigada a alinhar nossos planos de saúde para estudantes e funcionários com a lei estadual (SB 245)”.
Há hoje cerca de 9.000 alunos de graduação e pós-graduação matriculados na USD, muitos dos quais se declaram atraídos pelos “valores católicos contemporâneos fundamentados na tradição das artes liberais”.
O Campus Reform informa que outras quatro instituições educacionais católicas incluíram “cuidados de afirmação de gênero” em seus planos de saúde: a Fordham University, o Boston College, a Saint Louis University e a University of San Francisco.
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