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Agressividade passiva: o que é e como lidar com ela?

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Małgorzata Rybak - publicado em 22/08/23

Temos que assumir a responsabilidade pela nossa própria raiva

A agressividade passiva se expressa em frases que machucam, em silêncios que perturbam como um machado suspenso no ar, ou em olhares que congelam. Ou ainda em aparente “mansidão”: fingir não ouvir, não ver, não saber; ficar de fora das decisões, mentir, lavar as mãos. A agressão passiva sufoca o relacionamento e todo o clima emocional da família.

“Superioridade moral”?

Quando as pessoas não sabem como lidar com a raiva, ela se transforma em agressão. A agressão, por sua vez, é o uso da violência como meio para atingir objetivos, mesmo às custas de sofrimento para terceiros. Existe a agressão aberta, que consiste em gritar, xingar, atirar objetos, bater. E existe a agressão passiva, em que ninguém grita nem levanta a mão contra ninguém, mas a intenção do agressor continua a mesma: ferir, punir, magoar… ou demonstrar uma suposta “superioridade moral”.

Os comportamentos que chamamos de agressão passiva incluem, por exemplo, a ironia, o sarcasmo, a provocação – que podem vir até fantasiadas de elogios que, na verdade, têm a intenção de destacar um ponto fraco da pessoa e minar a sua autoestima. Há também a forma de piadas “inocentes”, contadas inclusive na presença de estranhos, que sacrificam a reputação alheia em nome de uma suposta “brincadeirinha”.

Indução à culpa

A indução à culpa é outro exemplo de agressão passiva. Um caso típico é quando um marido cansado pelo dia no trabalho diz à esposa dona-de-casa: “Eu me sentiria melhor se não tivesse que trabalhar para nos sustentar” – como se só ele trabalhasse e ela não fizesse nada em casa. Ou quando a mulher dona-de-casa, também cansada pelo dia de trabalho, diz ao marido: “Eu me sentiria melhor se não tivesse que trabalhar por você” – como se só ela trabalhasse e ele não fizesse nada por ela.

Além das palavras

A agressão passiva não se limita às palavras: também inclui ações deliberadas que revelam desrespeito à outra pessoa. Exemplos desse tipo de atitude envolvem ignorar sistematicamente as solicitações ou os limites indicados por essa pessoa, como entrar no seu quarto sem bater e simplesmente dizer “esqueci”; ou usar pertences de um familiar, sem se importar com o fato de que esse hábito o deixa desconfortável. Outro exemplo comum é faltar regularmente a encontros ou deixar de fazer algo que foi combinado, transparecendo desprezo por aquilo que a outra pessoa valoriza.

A agressão passiva é um recurso frequente de pessoas que não conseguem dizer “estou com raiva” nem abordar de forma clara os seus assuntos difíceis. Muitas vezes, de fato, a agressão passiva é desencadeada pela falta de um canal para resolver os problemas, como quando, por exemplo, um dos cônjuges ignora que existe uma crise no casamento ou quando um dos pais não aceita que um filho sofre de depressão e se recusa a participar da terapia familiar. Assim, pela ausência de espaços em que possamos falar do que nos incomoda no outro e sermos ouvidos, persiste um constante sentimento de impotência. A agressão passiva, tantas vezes, acaba sendo uma válvula de escape.

Falar abertamente do que sentimos

O que fazer para evitar essa válvula?

Aprenda a falar abertamente dos seus sentimentos, de forma assertiva: com confiança em si mesmo, mas também com respeito pelo outro. Para que isto seja possível, assuma a responsabilidade pela sua raiva: saiba chamá-la pelo nome, percebê-la, reconhecê-la, compreendê-la e regulá-la. E escolha uma ação eficaz para atender às suas necessidades apontadas por essa raiva.

Em suma: para impedir que um relacionamento morra de agressão passiva, perceba a raiva e dê-lhe o encaminhamento correto, reconhecendo-a e falando dela em vez de fingir que ela não existe.

Tags:
raivaRelacionamentoViolênciaVirtudes
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