A celebração da Natividade de Maria na Igreja Oriental remonta ao século VI. De acordo com vários estudiosos marianos, a festa teve origem após o Concílio de Éfeso (431), no qual Nossa Senhora recebeu o título de "Theotokos" (Mãe de Deus).
A festa começou a ser celebrada em Roma no século VIII com o Papa Sérgio I. No entanto, provavelmente foi somente no século XI que ela se tornou amplamente difundida na cristandade ocidental.
Em Malta
Ao longo da milenar história da ilha de Malta, o arquipélago tem sido contemplado com santuários, basílicas, paróquias, igrejas e capelas dedicadas à Natividade de Maria (conhecida localmente como "Bambina").
O Santuário Mariano em Mellieħa, por exemplo, é um deles. A igreja da caverna do Santuário Nacional guarda um ícone muito antigo da Hodegétria (Nossa Senhora do Caminho).
A Natividade de Maria e uma vitória quase impossível
Em 18 de maio de 1565, uma armada de mais de 200 navios de guerra foi avistada em Malta. Uma força expedicionária otomana invasora, estimada em 30.000 homens, desembarcou no local, e logo começaram os preparativos para o episódio conhecido como Cerco de Malta.
No entanto, os Cavaleiros de São João e os malteses prevaleceram contra todas as probabilidades e, após um terrível cerco às linhas defensivas do Grande Porto, a maior superpotência da época aceitou a derrota e voltou para casa. A derrota otomana ocorreu em 8 de setembro de 1565 - dia da festa da Natividade de Maria.
Os malteses atribuíram sua vitória impossível à intervenção de Nossa Senhora. Como poderia ser de outra forma se o inimigo tinha dado o dia por encerrado nessa grande festa mariana? Depois disso, a "Bambina" assumiu o glorioso título de Vitória, em maltês: Vitorja. Nossa Santíssima Virgem e a Vitória eram uma só e inseparáveis.
Imediatamente, eles acrescentaram outro título à sua Mãe Celestial e começaram a chamá-la de "Nossa Senhora da Vitória". A grande vitória dos Cavaleiros e dos malteses sobre o poderoso e até então imbatível Império Otomano foi decisiva não apenas para a segurança da Ordem e de Malta, mas também para toda a cristandade ocidental. É por isso que em todas as igrejas da Europa Ocidental, incluindo as protestantes, os sinos repicavam incessantemente e orações eram feitas agradecendo ao Senhor e à sua Mãe Santíssima por concederem a vitória aos malteses sobre esse exército gigantesco.
Conceda-nos a vitória
A Nossa Senhora também são dedicadas outras vitórias que foram fundamentais para o curso da história de Malta. Não é coincidência que, em uma estrofe de um hino comum à "Bambina Vitoriosa", seus devotos cantam:
"Levanta-te e salva-nos, nossa amada Virgem Santíssima,
Tão bela quanto a Lua, mais brilhante que o Sol,
Deslumbrante como uma hoste dourada inteira se preparando para a batalha para salvar seu povo.
Concede-nos a vitória, concede-nos a paz."