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O Papa Pio XII é novamente acusado

Papa Pio XII

Domínio Público | Arquivo Nacional

Vanderlei de Lima - publicado em 21/09/23

Pio XII foi prudente ou omisso ante as atrocidades nazistas da 2ª Guerra Mundial? – Isso é o que trataremos neste artigo

No dia 17/09 último, órgãos de imprensa divulgaram o encontro de uma carta do Pe. Lothar Koenig, SJ, ao Papa Pio XII. Datada de 14/09/1942, ela informa o Santo Padre da atroz perseguição sofrida por católicos, especialmente nos campos de concentração nazistas. As reportagens, embora não pareçam agressivas, trazem à tona, uma vez mais, a questão: Pio XII foi prudente ou omisso ante as atrocidades nazistas da 2ª Guerra Mundial? – Isso é o que trataremos neste artigo.

De modo geral, parece certo, à luz dos dados já publicados por historiadores sérios – tenham-se em vista Actes et Documents du Saint Siège relatifs à la seconde guerre mondiale (Vaticano, 12 volumes, 1965-1981, disponível no site da Santa Sé), de Pierre Blet, Angelo Martini e Burkhart Schneider, e Pie XII et la seconde guerre mondiale d’après lês archives du Vatican (Perrin, 1997), de Pierre Blet –, que o Papa Pio XII estava informado do que ocorria de perverso contra os adversários do nazismo. O problema central, no entanto, é: Deveria ele ter feito um grande protesto público contra o nazismo ou ter atuado do modo prudente, porém eficaz, como atuou?

A resposta exata a esta questão, a nosso ver, só o próprio Pio XII poderia dar, pois se deve a uma decisão de consciência sua. Decisão que, para nós, mais de 80 anos depois dos fatos, fora do forte calor do momento, quase nem é possível cogitar. Todavia, uma intrigante questão se impõe: Por que, então, logo após o fim da Guerra, o Sumo Pontífice não veio a público e explicou, de modo cristalino, a razão de sua ação silenciosa?

A réplica é muito simples: Porque, longe de ter seu agir questionado, Pio XII foi, ao contrário, muito elogiado. Só os judeus, por atuação do Papa, se viram salvos aos milhares, de modo especial em Roma. E, com júbilo, lhe souberam ser muito gratos. Lembramos – entre tantos outros – dois fatos ilustrativos: a primeira-ministra israelense Golda Meir declarou, na ONU, por ocasião da morte de Pio XII, em 1958: “Durante os dez anos de terror nazista, quando nosso povo sofreu espantoso martírio, a voz do Papa se ergueu para condenar os carrascos e para exprimir a sua compaixão em relação às vítimas” (Pergunte e Responderemos n. 461, outubro de 2000, p. 480). Já o Grão-Rabino Zolli, de Roma, se converteu ao Catolicismo, tomando o nome de Eugênio em tributo ao Papa Eugênio Pacelli (cf. Pergunte e Responderemos n 446, julho de 1999, p. 325-328).

A forte campanha de difamação contra Pio XII é tardia. Teve início, em 1963, com a peça Der Strellvertreter (O Representante ou o Vigário), do teatrólogo alemão Rolf Hochhuth, isto é, cinco anos após a morte do Pontífice e dezoito depois do fim da Guerra. Qual a razão desses ataques que perduram até hoje? – Os estudiosos não são unanimes, mas duas grandes linhas ganharam força recentemente: 1) Por meio de acusações a Pio XII, tentar desmoralizar a Igreja Católica que, em uma sociedade cada vez mais pagã, insiste, por fidelidade a Deus, no valor da família monogâmica e estável, na defesa da vida desde a concepção até o seu fim natural, no patrocínio à objeção de consciência etc. (cf. Joaquim Blessmann. O Holocausto, Pio XII e os Aliados. EDIPUCRS, 2003) e 2) Ao atacar Pio XII, se vingar desse Papa que muito alertou o mundo sobre os males do comunismo (cf. Francisco Vázquez. La verdad de Pío XII. ABC.ES, on-line, 08/04/2020).

Por fim, a Irmã Pasqualina Lehnert, fiel auxiliar de Pacelli por 41 anos e autora do livro Pie XII. Mon privilège fut de le servir (Téqui, Paris, 1984), ouviu dele, em uma manhã de agosto de 1942, após ser informado de violentos ataques nazistas, o seguinte: “É melhor que em público eu me cale e que faça em silêncio, como antes, tudo o que seja possível fazer em favor desse pobre povo” (Pergunte e Responderemos n. 305, outubro de 1987, p. 443). E assim, em consciência, o fez para evitar um mal ainda maior.

Eis o que, de momento, cabe dizer sobre o agir de Pio XII na Guerra. Agir discreto, mas que defendeu muitas pessoas. Se tivesse protestado publicamente, poderia, hoje, ser taxado de insensato pelos mesmos críticos de plantão. Diriam, talvez, ser ele o culpado por tantas vidas ceifadas em represália à sua fala. Fala tida, então, como inconsequente.

Assim são, pois, atacados os Papas. Ora porque falam, ora porque não falam!

Tags:
GuerraHistória da Igreja
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