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O Teatro e o Sagrado: A máscara e o espelho na arte do encontro

Sacerdote celebra Missa ao ar livre

Anna Hecker | Unsplash

Sacerdote celebra Missa ao ar livre

Ana Lydia Sawaya - publicado em 11/10/23

Neste “admirável mundo novo”, o distanciamento da linguagem teatral leva a uma série de perdas para a nossa humanidade e seu crescimento

Com o advento crescente das mídias eletrônicas, o “assistir” algo, tornou-se cada vez mais uma atividade corriqueira, onde se gasta longas horas. Nesse “novo modo de viver”, uma das vivências/experiências que mais se perdeu foi a de ir ao teatro, ou mesmo gastar tempo fazendo teatro. Essa nova circunstância, como têm mostrado muitos estudos, vem gerando um empobrecimento da experiência humana, reduzindo a possibilidade de amadurecimento da pessoa, de aprender a viver a relação com o outro, com os outros, e a descoberta de si mesmo – tudo se torna mais fluido, mais visual/auditivo, menos participativo, menos, muito menos, interativo.

Perde-se o ser humano, perde-se o “humano”. Quando se supervaloriza a absorção de informações de forma passiva reduz-se, sempre mais, o gesto, a experiência compartilhada, o olho no olho. Você é tímido ou é desenvolto? Sabe falar? Sabe responder e refletir sobre as perguntas dos outros que lhe surpreendem ou desconcertam?

Em vez de aprendermos a nos mover no mundo como “atores” – no bom sentido, nos tornamos cada vez mais espectadores passivos. A teatralidade, porém, é inerente ao ser humano; lhe é constitutiva. O teatro é a linguagem, por excelência, que clama pela necessidade do gesto e mostra a insuficiência do conceito; e o grande risco de reduzir o mundo à uma ideia, como dizia o poeta Bruno Tolentino.

Neste “admirável mundo novo”, o distanciamento da linguagem teatral leva a uma série de perdas para a nossa humanidade e seu crescimento. E há uma especialmente grave: a relação com o sagrado, pois o sagrado exige a linguagem do gesto, do fazer, do mover-se de uma determinada forma, do estar juntos em um mesmo espaço. A relação com o sagrado e a experiência do sagrado demanda o movimento de todo o corpo, obriga a realizar movimentos que aumentam o conhecimento de si e do outro, fundamentais para aprender a tecer relações belas, boas e verdadeiras com as outras pessoas.

O teatro nasce, desde às suas origens, como a expressão mais adequada para a relação com o sagrado, pois a experiência do sagrado (inarrancável de todo o coração humano) se expressa melhor por gestos do que por conceitos. Nós somos um corpo, portanto, é preciso trabalhar com a nossa pessoa inteira – o sagrado precisa disso.

Com o intuito de aprofundar esse tema ocorreu, como parte dos Encontros Culturais Camaldolenses, o encontro O Teatro e o Sagrado: A máscara e o espelho na arte do encontro. O evento foi conduzido pelo Professor José Maurício Cagno, ator, diretor teatral, dramaturgo e professor de teatro para estudantes de ensino fundamental, médio, universitários e de pós gradação em Ribeirão Preto, SP.

Os Encontros Culturais são organizados pelas comunidades beneditinas camaldolenses dos Mosteiros da Encarnação e Transfiguração, em Mogi das Cruzes – SP, em parceria com a Faculdade de Filosofia e Teologia Paulo VI, da Diocese de Mogi das Cruzes e o Núcleo Fé e Cultura da arquidiocese de São Paulo. O Encontro, que agora está sendo disponibilizado on-line, ocorreu no dia 29 de julho de 2023 econtou com a presença de 22 pessoas.

Confira nos links abaixo como foi a apresentação do Prof. José Maurício Cagno:

Um pouco da história camaldolense

Os camaldolenses pertencem à grande família dos monges beneditinos. Nascem em 1012 a partir da proposta de reforma monástica de São Romualdo que, profundamente inserido nas dinâmicas da igreja do seu tempo, pretendia renovar a dimensão espiritual na igreja, promovendo a vida solitária em eremitérios e a simplificação da vida comunitária nos cenóbios. Por isso, seus discípulos seguem um estilo de vida simples orientado pela liberdade interior, o amor fraterno e a primazia da procura de Deus, ao mesmo tempo em que formam uma ordem contemplativa aberta às exigências da igreja e da sociedade, com as riquezas e as contradições das suas culturas.

O nome da Congregação surge do eremitério e mosteiro de Camaldoli localizado no alto das montanhas do centro da Itália que é dividido em duas unidades ligadas entre si: um mosteiro de vida cenobítica e um eremitério. Sua forma de vida floresceu ao longo dos séculos a partir de uma realidade tripartite chamada triplex bonum (três oportunidades): a vida cenobítica, a vida eremítica e o apostolado. É característica da vida camaldolense o amor pela cultura, o diálogo interreligioso e a hospitalidade.

No Brasil existem dois mosteiros camaldolenses: o Mosteiro da Transfiguração (1988), comunidade masculina, e o Mosteiro da Encarnação (1994), comunidade feminina.

Estão localizados na zona rural do Município de Mogi das Cruzes e, embora sejam dois mosteiros independentes, compartilham do mesmo espírito camaldolense, codividindo frequentemente a liturgia, a lectio divina e as atividades de apostolado. É particularmente cara, aos monges e monjas camaldolenses, a prática da leitura orante da Bíblia (lectio divina) e sua condivisão semanal com hóspedes e visitantes.

Tags:
ArteCultura
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