O Papa Francisco "leva a unidade da Igreja muito a sério", explicou o Cardeal Joseph Tobin, Arcebispo de Newark, em Nova Jersey, no briefing de terça-feira, quando o Sínodo sobre o Futuro da Igreja entrou em sua segunda semana. Acompanhado pela freira colombiana Gloria Liliana Franco Echeverri, presidente da Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR), o cardeal americano explicou que o Sínodo pretende analisar a vida concreta das pessoas que se sentem "marginalizadas" dentro da Igreja, especialmente por causa de sua orientação sexual.
Em resposta a uma pergunta sobre os temas discutidos durante a assembleia sinodal, o Cardeal Tobin disse que estava preocupado em acolher pessoas "que não se sentem em casa na Igreja". Ele contou como cumprimentou os participantes de "uma peregrinação de pessoas que se sentem marginalizadas por causa de sua orientação sexual LGBTQ+" na catedral de sua diocese.
Um de seus bispos auxiliares, que havia ficado com o grupo, comentou que a catedral é muito bonita, "especialmente quando suas portas estão abertas". Para o Cardeal Tobin, o "dever" da Igreja é sempre ser "acolhedora" e "manter as portas abertas". "O Sínodo nos ajuda a fazer isso de uma forma mais significativa", explicou.
Enfatizando a dimensão multicultural da Igreja Católica, que ele experimentou quando criança em sua grande família de descendência irlandesa, o Cardeal Tobin explicou que em sua diocese de Newark, a Eucaristia é celebrada em 23 idiomas diferentes.
O Cardeal americano Joseph Tobin, que já havia participado de seis outras assembleias sinodais - primeiro como Superior Geral dos Redentoristas e depois como bispo - observou que a atual assembleia sinodal era "a mais variada" da qual ele já havia participado. Ele deu o exemplo de seu grupo de língua inglesa, formado por pessoas de uma grande variedade de origens: um pastor pentecostal de Gana, um teólogo da Malásia, um cingapuriano e duas jovens da Ucrânia e da Rússia.
Quando perguntado sobre a presença conjunta de duas pessoas de países em guerra, o Cardeal Tobin explicou que os conflitos atuais que estão fazendo "as manchetes", como na Ucrânia e em Israel, naturalmente surgiram na conversa, mas que as guerras que recebem pouca cobertura da mídia, particularmente na África e na Ásia, "também fazem parte da reflexão" dos participantes do Sínodo.
"Discernimento", não um "processo parlamentar"
O processo sinodal, acima de tudo, requer "discernimento sério" e não é um processo "parlamentar", com uma maioria e uma minoria, disse o Arcebispo de Newark. Em sínodos anteriores, algumas decisões votadas pela maioria dos participantes não foram adotadas pelo pontífice, que continua sendo o tomador de decisão final. "O Papa Francisco é notavelmente bem informado e leva a unidade da Igreja muito a sério", disse o Cardeal Tobin.
Perguntado sobre a situação dos seguidores da liturgia tradicional, que está causando grande tensão no catolicismo americano, o Cardeal Tobin rejeitou a acusação de que essas pessoas foram "banidas da Igreja". Os adeptos do rito tridentino "ainda têm oportunidades" após os dois Motus Proprios dedicados a eles, explicou.
"Sem agenda oculta"
A freira colombiana Gloria Liliana Franco Echeverri, presidente da Confederação Latino-Americana de Religiosos (CLAR), explicou que o Sínodo também tinha o objetivo de ouvir "o grito dos pobres" e olhar "o rosto dos pobres", particularmente os migrantes e as vítimas do tráfico. Ela acrescentou que o Sínodo deveria ajudar a Igreja a se parecer com uma "mesa de família" na qual há "um lugar para todos".
Ao transmitir os testemunhos de pessoas traficadas, as freiras latino-americanas procuraram inscrever esse processo sinodal nas "realidades do nosso mundo", fazendo ressoar o "grito concreto das pessoas". A freira também garantiu que o Sínodo não tinha "nenhuma agenda oculta".
O presidente da Comissão de Informação, Paolo Ruffini, disse que a reunião dos grupos linguísticos na manhã de terça-feira, 10 de outubro, envolveu 346 participantes. As Congregações Gerais foram retomadas à tarde, desta vez com a presença do Papa Francisco. Paolo Ruffini acrescentou que o bispo de Roma havia se ausentado no dia anterior devido à visita ad limina dos bispos do Congo, entre outros motivos.
