O cardeal mexicano Juan Sandoval Íñiguez, arcebispo emérito de Guadalajara, concedeu uma entrevista por telefone à agência católica de notícia ACI Prensa neste último 6 de outubro e esclareceu que os sínodos não têm autoridade para alterar a doutrina católica.
Dubia
Aos 90 anos, ele é um dos cinco cardeais que recentemente enviaram ao Papa Francisco uma série de dúvidas ("dubia", em latim) sobre questões doutrinais e disciplinares da Igreja. Tais dúvidas dizem respeito a riscos de "reinterpretação" da revelação divina - por exemplo, no tocante à constituição da Igreja (sinodalidade), ao matrimônio (bênção a uniões homossexuais), ao sacerdócio (ordenação de mulheres) e à confissão sacramental (necessidade de arrependimento para a absolvição).
Além de Sandoval Íñiguez, as dúvidas foram apresentadas conjuntamente pelos cardeais Robert Sarah (prefeito emérito da então Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos), Joseph Zen Ze-kiun (bispo emérito de Hong Kong e vítima de perseguição sistemática pelo regime comunista chinês), Raymond Leo Burke (prefeito emérito da Assinatura Apostólica, equivalente na Igreja a uma Suprema Corte) e Walter Brandmüller (presidente emérito do Pontifício Comitê para as Ciências Históricas).
As respostas do Papa Francisco às dúvidas encaminhadas pelos cinco cardeais podem ser consultadas no portal de notícias Vatican News.
Autoridade doutrinária
Em sua conversa com a ACI Prensa, o nonagenário cardeal mexicano informou que os sínodos, como o que está se desenvolvendo no momento no Vaticano, não tem "autoridade doutrinária". Ele declarou:
"A autoridade doutrinária reside no papa ou no episcopado mundial junto ao papa. Um sínodo tem apenas poderes pastorais: deve zelar pela melhor aplicação do Evangelho aos fiéis na pastoral. Não tem autoridade doutrinária".