Um dia, quando Jesus terminou de rezar, um dos seus discípulos lhe pediu: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1). E Jesus ensinou-lhes o Pai Nosso.
Mas o que, de fato, o Senhor nos ensina na oração do Pai Nosso?
Se começarmos pelo fim, perceberemos que mesmo a pessoa menos preocupada com Deus, às vezes, é levada a orar. E o que motiva essa oração é o fardo do mal.
Pense em como as igrejas na América estavam lotadas nos dias seguintes ao 11 de Setembro. Essas pessoas estavam convencidas da existência de algo ainda maior que o mal e acreditaram nisso por meio da oração. Não podemos abolir o mal, mas Jesus nos ensina uma maneira de não ficarmos sozinhos com ele.
Precisamos de confrontos com a tentação para nos mostrar onde somos fracos. As provações nos purificam. Na petição “não nos deixeis cair em tentação”, Jesus está nos ensinando a usar bem a experiência da tentação: não superestimarmos as nossas capacidades, não ficarmos desanimados ou desesperados. Jesus nos ensina a reconhecer os limites da nossa força para que possamos confiar com confiança na força Dele.
Jesus ensina que o perdão é o cerne da oração do discípulo. Devemos pedir perdão e oferecer perdão assim como o Pai faz no Calvário (Lc 23,34). Se Deus é amor, o mundo passa a conhecê-lo através da misericórdia que abraçamos e espalhamos.
O pão nosso de cada dia
Ao instruir-nos a pedir a Deus que nos dê o pão de cada dia, Jesus nos ensina que santidade é dependência. Não podemos sermos nós mesmos sem o outro. Ser discípulo é abandonar-se à providência divina, momento a momento, com uma certeza e uma confiança que nos alimenta como nada mais. O pão que pedimos é a nossa felicidade.
Jesus nos ensina que existe uma saída para a miséria que surge quando ficamos presos às nossas próprias ideias e planos. "Seja feita a vossa vontade" expressa a alegria de se render aos desígnios de Deus. Discipulado significa seguir Outro em obediência sacrificial, que é mais semelhança com ele do que submissão.
Ao rezar a petição "venha a nós o vosso Reino", Jesus ensina-nos a deixar de lado as preocupações e lutas da nossa própria personalidade que nos distraem e dissuadem, para que Deus e a sua bondade – o seu poder governante – possam reinar em nós. O Senhor está nos ensinando a reivindicar a incrível unidade que só é possível nele.
Santificado seja o vosso nome
Jesus nos ensina que não devemos viver entregues a nós mesmos: que fazemos parte de uma pertença, de uma identidade, de um Nome do qual extraímos sustento, bênção, ordem e graça infalíveis. Em nome do Pai está o nosso eu autêntico. Jesus nos ensina a orar: "Santificado seja o teu nome" para nos tirar de nossas próprias limitações e viver na Verdade.
Enfim, rezar o Pai Nosso é imitar o próprio Jesus na sua Paixão. Somos filhos de Deus. Quando oramos clamando ao Pai, nenhum poder do inferno desencadeado contra nós tem chance. Jesus nos ensina a confiar no mistério do nome do Pai para que, envolvidos na intimidade com o Pai, a colheita cêntupla do céu seja gerada em nosso aqui e agora.