Durante reunião do Conselho de Segurança da ONU em 30 de outubro de 2023, a diretora-executiva do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Catherine Russell, apresentou um dado assustador: 420 crianças são feridas ou mortas em Gaza todo os dias desde o início do conflito entre Israel e o Hamas há três semanas.
De acordo com o Ministério da Saúde da Palestina, desde o começo da guerra mais 3.400 crianças palestinas foram mortas em Gaza. O número representa aproximadamente 40% do total de palestinos mortos.
Ainda segundo a executiva do Unicef, a violência contra as crianças vai além da Faixa de Gaza: "Na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, pelo menos 37 crianças foram mortas. E mais de 30 crianças israelenses teriam sido mortas, enquanto pelo menos 20 permanecem como reféns na Faixa de Gaza - cujo destino é desconhecido".
Inferno em vida
Para o porta-voz do Unicef, James Elder, "Gaza tornou-se um cemitério para milhares de crianças e adolescentes. E é um inferno em vida para todos os outros".
Elder afirma que as ameaças para meninas e meninos vão além das bombas e dos morteiros. "Os mais de um milhão de crianças e adolescentes de Gaza também enfrentam uma crise hídrica. A capacidade de produção de água de Gaza é de apenas 5% da sua produção diária habitual. A morte de meninas e meninos – especialmente de bebês – devido à desidratação é uma ameaça crescente".
O porta-voz ainda destaca os inestimáveis impactos da guerra para a saúde mental das crianças: "Quando os combates cessarem, o custo para as crianças e os adolescentes e as suas comunidades será suportado pelas gerações vindouras. Antes desta última escalada, mais de 800 mil meninas e meninos em Gaza – três quartos de toda a sua população de crianças e adolescentes – foram identificados como necessitando de apoio para saúde mental e apoio psicossocial".
Por isso, o Unicef fez um apelo ao Conselho de Segurança da ONU, a fim de que possa haver um cessar-fogo humanitário. "Todas as passagens de acesso a Gaza devem ser abertas para o acesso seguro, contínuo e desimpedido da ajuda humanitária, incluindo água, alimentos, suprimentos médicos e combustível. E se não houver cessar-fogo, nem água, nem remédios, e se não houver a libertação das crianças e dos adolescentes sequestrados? Então avançaremos em direção a horrores ainda maiores afligindo meninas e meninos inocentes", alertou James Elder.