O terror contra os cristãos perseguidos em decorrência da sua fé voltará a ser denunciado neste mês de novembro, como tem acontecido todos os anos desde 2015, pela iniciativa internacional “Semana Vermelha” (#RedWeek).
A iniciativa é da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS ou ACN, pela sigla internacional em inglês). Neste ano, ela vai de 19 a 26 de novembro. Durante esse período, é projetada uma iluminação especial sobre monumentos emblemáticos de diversos países a fim de simbolizar o sangue dos mártires do nosso tempo.
O objetivo é de conscientizar as populações e as autoridades de todo o planeta sobre a gravidade da perseguição contra os cristãos no mundo atual, um tema que é sistematicamente ignorado ou minimizado pela assim chamada "grande mídia".
A ideia veio da ACN Brasil em outubro de 2015, com a iluminação da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro.
Em abril de 2016, a ACN Itália projetou o vermelho-sangue na célebre Fontana di Trevi, em Roma. A partir destes precedentes, a ACN Reino Unido desenvolveu a proposta da #RedWednesday (Quarta-Feira Vermelha), em determinada quarta-feira do mês de novembro, a fim de recordar todos os cristãos perseguidos. Atualmente, dentro desse mesmo mês, a iniciativa é realizada ao longo de uma semana inteira (#RedWeek).
Estima-se em pelo menos 416 milhões o número de cristãos que sofrem atualmente vexações, discriminações ou aberta perseguição por causa da sua fé no país em que vivem. São números aproximados com base em denúncias verificadas, o que quer dizer que os números reais são maiores ainda, já que muitos cenários de violência e perseguição nem chegam a ser denunciados devido ao medo que as vítimas sentem de sofrer represálias ainda piores.
Segundo Alessandro Monteduro, diretor da ACN na Itália, existem muitos países cujos governos nem sequer reconhecem a liberdade religiosa como essencial, sendo eles próprios os promotores das situações de discriminação e perseguição. O Relatório da Liberdade Religiosa, publicado anualmente pela ACN, demonstra que, desde 2018, as violações à liberdade religiosa só aumentaram no mundo.
RedWeek 2023
De acordo com a ACN, a #RedWeek 2023 atrairá a participação de mais de 10.000 pessoas em mais de uma dezena de países espalhados por todos os continentes.
Na Austrália, por exemplo, quase 20 catedrais iluminarão suas fachadas com luzes vermelhas durante a semana. Entre elas está a Catedral de São Patrício, em Melbourne, que também realizará a sua segunda Noite Anual das Testemunhas, em 22 de novembro. Na ocasião, o patriarca da Igreja Católica Melquita, Joseph Absi, falará da situação atual dos cristãos na Síria e no Oriente Médio em geral.
Na Áustria, além das mais de 100 paróquias do país que iluminarão as suas igrejas de vermelho, participará também o edifício do Parlamento. Na vizinha Eslováquia, os castelos de Nitra e Bratislava se juntarão à iniciativa.
Na Alemanha, o vermelho do martírio será evocado por catedrais emblemáticas como as de Passau, Regensburg, Freiburg, Dresden e Paderborn. Os eventos alemães também incluirão testemunhos impactantes, como os do bispo dom Ashkarian, de Aleppo, na Síria, e do arcebispo dom Sebastian Shaw, de Lahore, no Paquistão. Cabe lembrar que o Paquistão é presença constante na triste lista dos países em que os cristãos mais sofrem perseguição sistemática.
Na Holanda, participarão da #RedWeek mais de 150 igrejas católicas e protestantes, que estenderão seus horários de abertura para que os fiéis possam rezar pelos cristãos perseguidos.
O Reino Unido destacará a perseguição anticristã na África, com duas campanhas principais e complementares: uma propõe rezar 100.000 dezenas do Santo Rosário pela África e a outra promoverá o levantamento de 100.000 libras a serem doadas a vítimas de perseguição religiosa. Um casal nigeriano dará o seu testemunho como sobreviventes do covarde ataque perpetrado contra uma igreja do país no Pentecostes de 2022, em Owo.
No Canadá, a #RedWeek terá eventos no maior santuário dedicado a São José no mundo, o Oratório de São José em Montreal, assim como na Catedral de Maria Rainha do Mundo e na Catedral de São Miguel, em Quebec, ambas com vigílias conduzidas pelos respectivos bispos.
No Brasil e em Portugal, que também contarão com importante adesão à iniciativa, dois monumentos cujo simbolismo dispensa apresentações serão destaque novamente na Semana Vermelha: o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, e o Cristo-Rei, em Almada, na diocese de Setúbal. Eles representam, afinal de contas, o Maior dos perseguidos por causa da fé.