Scott-Vincent Borba é a prova viva de que a vocação para o sacerdócio pode acontecer em qualquer momento da vida de um homem. O homem de 50 anos entrou no Seminário de São Patrício, na Diocese de Fresno, Califórnia, aos 46 anos. Quando chegou aos portões do seminário em 2019, estava ao volante de seu carro de luxo, vestindo um terno caro e gravata. "Quando o diretor abriu a porta para me receber, ele me encarou por um momento antes de suspirar: 'Tenho trabalho a fazer!'"
É preciso dizer que Scott-Vincent percorreu um longo caminho. Antes de abraçar a sobriedade do colarinho romano, foi no mundo dos negócios e do luxo que ele deixou sua marca. Como modelo, esteticista e fundador da linha de cosméticos "e.l.f", ele teve um sucesso deslumbrante nos negócios e no marketing e rapidamente ganhou renome internacional. Ele até mesmo se tornou o esteticista favorito de algumas das maiores estrelas do mundo, que o usaram para se presentear com tratamentos de pele exorbitantemente caros, como Mila Kunis (Cisne Negro) que, em 2011, comprou um tratamento de pele elaborado por Scott que incluía rubis e diamantes. Tudo pela modesta quantia de… 5.000 euros. Agora milionário, Scott trabalha em Beverly Hills, compra uma casa na praia e frequenta bares e dança com a crème de la crème de Hollywood.
Deus, se esta é a vida, onde tudo o que faço é trabalhar e festejar e começar de novo e depois morrer, então esta não é a vida que eu acho que o Senhor criou para mim
À primeira vista, portanto, nada parece pressagiar uma vocação para o sacerdócio. No entanto, Scott sentiu o chamado para se tornar padre desde muito cedo. Criado na fé católica por seus pais, ambos fervorosos frequentadores da igreja, Scott continuou a ir à missa dominical. "Não me dei conta de que estava desprezando os sacramentos com meu comportamento pecaminoso", diz ele à Aleteia. Quando criança, sua mãe já lhe sussurrava a ideia de se tornar padre. A ideia foi amadurecendo lentamente no coração do menino até diminuir, mas não desapareceu. Um dia, depois de rezar o rosário, Scott pediu proteção à Virgem Maria. "Pedi a ela que ficasse comigo, que me protegesse e me segurasse em seus braços durante toda a minha vida. Sei que nossa Mãe Santíssima me trouxe a esta vocação por causa de seu amor por mim e por seu Filho."
Livrar-se das vaidades do mundo
"Deus me chamou aos 10 anos de idade. Eu só aceitei tarde." Tardiamente, e depois de uma espécie de explosão. Enquanto ele estava em mais uma festa, cercado pelas grandes fortunas de seu mundo, o desgosto se instalou sem aviso prévio. "Eu simplesmente me senti vazio. E eu estava vazio. Estava exausto. Eu disse: 'Deus, se esta é a vida, onde tudo o que faço é trabalhar e festejar e começar de novo e depois morrer, então esta não é a vida que eu acho que o Senhor criou para mim. Mas só posso mudar se o senhor me ajudar", lembra ele. "Pedi sinceramente a Deus que me ajudasse e tive a graça de me converter. Nosso Senhor nunca me abandonou", diz Scott à Aleteia.
Qualquer coisa que o mundo possa me dar, eu desistiria um milhão de vezes se isso significasse me unir a Jesus
Sem perder o ritmo, Scott fez as malas e deixou sua casa de luxo. "Eu simplesmente não queria mais ficar em casa. Tudo me lembrava o pecado… Eu disse a Deus: 'Sinto muito por tê-lo ofendido'", lembra o seminarista. Depois de sair de Los Angeles, Scott começou a adotar um estilo de vida mais sóbrio, embora a separação de todos os seus bens e riquezas tenha sido um processo gradual. Foi somente depois de muita oração e de uma terceira peregrinação a Medjugorje que Scott finalmente mergulhou de cabeça e esvaziou sua conta bancária doando tudo para o Mary's Meals, o hospital de câncer mais próximo e os sem-teto. "Nosso Senhor deixou claro que amá-lo é amar os pobres mental, física e espiritualmente. E eu honrarei seu pedido por toda a minha vida", garante Scott à Aleteia.
Esse despojamento não foi desolador, reconheceu o futuro sacerdote. Desistir de tudo pelo que ele havia trabalhado durante toda a sua vida, e do qual ele obtinha conforto absoluto, foi de fato uma escolha muito difícil. "Sim, foi muito difícil abrir mão de tudo. É somente pela graça de Deus que um homem ou uma mulher com uma vida decadente pode desistir de tudo. Depois que desisti de tudo, eu não sabia mais quem eu era", confessa Scott. "Lamentei minha antiga vida e tive que me apegar a Deus para atingir as metas que ele havia estabelecido para mim. Ele me testou na humildade e continua fazendo isso. Essa é a única maneira de fazer sua vontade".
De agora em diante, o seminarista não tem a menor sombra de dúvida ou arrependimento. "Nunca estive tão feliz, tão cheio de alegria. Qualquer coisa que o mundo possa me dar, eu desistiria um milhão de vezes se isso significasse me unir a Jesus. E para todos aqueles que, como ele, aceitaram o pesado fardo do ministério sacerdotal, Scott tem apenas um conselho:
"O sacerdócio é um presente de Deus. Eu recomendaria a todos os seminaristas e padres que fossem à adoração, se prostrassem diante do Santíssimo Sacramento e orassem à nossa Mãe Santíssima para que nos ajudasse a cumprir a vontade de seu Filho. Ela é a chave para ajudar todos os sacerdotes a viver corretamente o trabalho que Deus lhes confiou, com humildade, amor e alegria. Sem a Mãe de Deus, sei que eu não seria nada. Por fim, gostaria de dizer a todos os seminaristas e sacerdotes que estamos aqui na Terra para ajudar as almas a voltarem para Deus. Que dádiva, que vocação! Louvado seja Deus e a Santíssima Trindade. Nunca deixarei de falar sobre a misericórdia de Deus e seu amor por todos os seus filhos."