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O que é liberdade? É, de fato, o simples ato de escolher?

Pessoa de braços abertos olhando para o céu e o sol
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Julia A. Borges - publicado em 03/12/23
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Que possamos compreender que escolher caminhar pelas veredas dos ensinamentos de Deus é contemplar a verdadeira liberdade que o ser humano pode, ainda em vida, contemplar

Para onde quer que se vá, para onde quer que olhe, é fato que o mundo parece ter escolhido a “liberdade” como sua maior forma de expressão. O termo é colocado entre aspas porque seu conceito tem estado um pouco nebuloso em meio a tantos discursos ideológicos, sociais e políticos.

Ao longo do tempo, seu significado social vai sendo suplantado pelas questões de cunho pessoal e identitário; a liberdade antes alcançada a fim de tornar independente uma nação, vai ganhando um novo status quo e parte a ser objeto de desejo do indivíduo que quer e precisa ser aceito pelas suas escolhas. Fato é que não há mal ter o poder de decisão em sua vida, este é o livre arbítrio dado por Deus, esta é a democracia almejada pelos cidadãos em uma nação justa. Todavia, o que se percebe é que a liberdade é uma arma, e se usada por quem não a sabe manusear, o resultado pode ser fatal.

Reduzir a pó o conceito de liberdade individual é afirmar que livre é o simples ato e efeito de escolher e sepultar este conceito é ainda reiterar que a sociedade deve ser impelida a aceitar o ato de vontade de cada cidadão. São dois princípios muito em voga atualmente mas que inflamam ainda mais o mal no mundo, até porque, as deturpações ocorridas ao longo da história acerca do termo só fomentam a certeza de que a raça humana parece estar cada vez mais aquém de exercer o livre arbítrio.

Cabe salientar que o entendimento de desejo e de vontade carregam sentidos um pouco diferentes na esfera filosófica, mas que aqui serão tratados de igual valor semântico. Dito isso, existem nos animais – racionais e irracionais -  o apetite por algo, a vontade inflamada por determina coisa, mas que no ser humano, esse conhecimento sensível está ligado com a nossa capacidade de conhecimento mais profunda, distinguindo a razão e o substrato ontológico que nos dá a capacidade maior de entendimento de si e do mundo. Ou seja, o ser humano, de acordo com sua potencialidade intelectual, seria capaz de distinguir até mesmo os seus desejos e vontades, analisando os efeitos do ato gerado: um animal irracional não faria jejum, talvez faça pelo fato de não ter o alimento, mas o ser humano, mesmo com fome, tem a capacidade de escolher passar fome seja por questões nutricionais, religiosas ou ideológicas. O desejo superficial de querer comer porque tem fome é ultrapassado pela vontade em concluir determinada ação idealizada.

A vontade é o apetite racional, e esta vontade é combustível para prosseguir, mesmo que o desejo sensível incline para o extremo oposto. Somos seres complexos, e desperdiçar tamanha potência intelectual é jogar fora um verdadeiro dom divino, é jogar fora o uso perfeito e claro do que venha a ser o livre arbítrio, afinal, agir como animais irracionais, que deixam por reverberar somente seu lado dos sentidos é calar a voz divina que grita em você.

Compreendendo, pois, o cerne dos nossos desejos e compreendendo a aptidão que nos foi dada através do raciocínio, é possível, a partir daí, alcançar a verdadeira ideia de liberdade, que pouco ou quase nada tem de similar com a “liberdade” que a sociedade atual tem proclamado, porque tamanho foi o desentendimento sobre o seu sentido que a ignorância parece ter tomado conta por completo de sua acepção. 

Ser livre é poder escolher entre dois bens, e não entre um bem e um mal. Este é o entendimento que se deve ter para um compreensão inequívoca do termo. A realização da liberdade acontece na escolha do bem e quanto maior é a sintonia com Deus, melhor é a nossa escolha. Ao, todavia, ficar entre um bem e um mal, e a escolha ser pelo mal, é fato que houve o exercício do livre arbítrio, mas é ainda mais claro que já não existe liberdade operando, mas sim, a completa escravidão.

A liberdade verdadeira está em escolher bens, e se o entendimento da sociedade atual está embasado no conceito de escolha entre um bem e um mal é porque esta mesma sociedade está doente e já totalmente escrava do pecado, haja vista que não se pode ter entre as parte das escolhas uma que intrinsicamente anule a própria liberdade. Eva, por exemplo, tinha inúmeras árvores para buscar o seu fruto, possuía um paraíso sem fim à sua espera, tinha de fato a liberdade em escolher incontáveis bens ao seu dispor, mas preferiu o mal. Seu livre arbítrio não a tornou livre, mas prisioneira dos seus próprios pecados.

Que possamos compreender que escolher caminhar pelas veredas dos ensinamentos de Deus é contemplar a verdadeira liberdade que o ser humano pode, ainda em vida, contemplar.