Está sendo amplamente compartilhado em grupos católicos brasileiros nas redes sociais um texto do professor Rudy Albino de Assunção intitulado "Um pequeno desabafo sobre
ignorância e autoritarismo clericais".
Mesmo sacerdotes estão compartilhando o texto, como é o caso do pe. Bruno Otenio, da diocese de Guarulhos, que comenta:
"Duro ler isso! Mas é extremamente honesto e verdadeiro! Parabéns pelas palavras proféticas!".
Eis o texto na íntegra, conforme publicado pelo próprio professor Rudy Albino de Assunção em sua conta no Facebook:
"Um pequeno desabafo sobre ignorância e autoritarismo clericais
(Advertência: Não estou generalizando!)
Eu amo a Igreja. Tento não envergonhá-la demais com a minha gritante imperfeição. Ainda assim, sinto-me no direito, como filho dela, de fazer um desabafo. Boa parte das querelas litúrgicas e teológicas não existiria se muitos dos nossos ministros ordenados sentassem e lessem. Simples assim. Lessem a S. Escritura, lessem o Missal e a sua Instrução (que está à nossa disposição há 21 anos!) e lessem o Catecismo da Igreja.
Pessoas têm me perguntado se os seus párocos leram a Bíblia e o Catecismo… Uma pergunta como esta não esconde uma tristeza, uma frustração, uma inquietação, uma revolta?
Reflexos disso são as homilias sofríveis a que estamos sujeitos. Sobretudo de alguns que foram ordenados e que mal sabem ler o evangelho e não juntam uma ideia com outra com o mínimo de lógica e profundidade. Vamos falar a verdade: alguns que estão nos altares revestidos de brocados e rendas (ou com as 'morcegonas' bregas), se estivessem no mercado de trabalho, estariam penando por sua subsistência em trabalhos sem glamour e exposição pública (dignos, claro, mas sem a visibilidade do ministério).
Tenho visto vídeos de hierarcas usando de sua autoridade para negar o que está escrito. Furiosos negam cantos em latim, negam comunhão na boca e de joelhos.
Meu caros: foi-se o tempo em que as pessoas não tinham acesso a certas informações. Foi-se o tempo em que as pessoas diziam amém para tudo. 'Leigos não instruídos' é coisa do passado. Alguns que criticam tanto o clericalismo revestido de batina dizem - nas entrelinhas - simplesmente: 'Façam o que estou mandando, ignorem o que vocês leram, porque eu sou o bispo/o pároco'.
Meu Deus! O atentado à fé sempre vem acompanhado do atentado à inteligência. Falta formação. E, perdoem-me a dureza: falta vergonha na cara.
Eu ministro muitas formações para outros leigos e sempre tenho que justificar o comportamento de certos párocos por terem recebido uma formação deficiente nos seus seminários. Mas não o farei mais. Hoje só não estuda e não se forma quem não quer. Casas de praia, celulares, carros, roupas de marca, viagens de férias. Essas coisas não faltam na vida de alguns. O que custa acrescentar uns livrinhos e umas horas de leitura? Isso nos pouparia de muitas reuniões, muitas dores da cabeça e muitas brigas.
Enfim: fica meu elogio aos ministros ordenados que vão na contramão dos seus irmãos de ministério que se acomodaram na sua ignorância e no seu mundo pequeno-burguês".
Suicídios de sacerdotes motivaram texto crítico viral em 2021
Em 2021, outro desabafo crítico a respeito do clero viralizou no país, na ocasião discutindo as responsabilidades relativas ao crescente número de suicídios de sacerdotes.
A autoria do texto foi atribuída a um certo “pe. Simeão do Espírito Santo”, cuja identidade, porém, não pôde ser verificada. O texto foi vastamente compartilhado por dezenas de sacerdotes, religiosos e leigos católicos.
Recorde: