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A espiritualidade básica do fiel católico

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Vanderlei de Lima - publicado em 28/12/23
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Apresentamos oito pontos considerados integrantes da espiritualidade básica do fiel católico, ou seja, que cabem a todos em qualquer estado de vida escolhido

1. Sentire cum Eclesia (Pulsar com a Igreja). Trata-se de uma expressão latina que surgiu no início da restauração litúrgica do século XX. Significa que estar com Cristo é estar com a Igreja, seu Corpo místico prolongado na história humana (cf. Cl 1,24; 1Cor 12,12-21). Ela é uma Mãe santa que traz, em seu seio, filhos pecadores. Para estes, no entanto, Ela mesma oferece a cura no sacramento da Reconciliação.

2. A Leitura eclesial da Bíblia. Quer dizer que o católico não lê a Palavra de Deus escrita de modo subjetivo (“Eu acho que esta passagem diz isso...”), mas à luz da Tradição oral (cf. Jo 20,30-31; 21,25; 2Ts 2,15) que deu origem à Bíblia e a acompanha em sua correta interpretação. Correta interpretação que só o Magistério vivo da Igreja pode oferecer, pois é assistido pelo Espírito Santo (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 85-87).

3. Boa Formação doutrinária. É certo que para alcançar a santidade não é preciso estudar. Basta o grande amor – afetivo e efetivo – a Deus. Todavia, quem ama de verdade deseja conhecer cada vez mais o objeto do seu amor. Ora, se isto ocorre no plano humano, muito mais deve se dar com Deus, o amor que nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,19). Busquemos, pois, boas fontes de formação.

4. A Eucaristia e os demais sacramentos. Para cada momento da nossa peregrinação terrena, temos um sacramento: ao nascimento biológico, segue o nascimento espiritual pelo Batismo; ao crescimento físico, acompanha o crescimento espiritual pela Crisma ou a Confirmação do Batismo; a alimentação corporal, necessária para o sustento físico, tem paralelo no alimento espiritual, na Comunhão, a cada Santa Missa que devemos, em estado de graça, participar, ao menos aos domingos; à medicina do corpo, pela qual somos curados, corresponde a medicina da alma que é a Confissão ou a Penitência, sacramento por meio do qual, através do sacerdote, ficamos perdoados de nossos pecados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo; à forma de se realizar na vida, há a correspondência em atender ao chamado de Deus nos sacramentos do Matrimônio ou da Ordem (ministério a serviço do Povo de Deus); na fragilidade humana – em um acidente grave, ante uma cirurgia ou na velhice –, tem-se a força divina da Unção dos Enfermos. Não é um sacramento de despedida, mas de fortalecimento, em Deus, para encararmos os embates da vida (cf. Dom Estêvão Tavares Bettencourt, OSB. Curso de Liturgia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1989, p. 39-40; Catecismo da Igreja Católica n. 1210-1666).

5. Os Sacramentais. “São sinais sagrados instituídos pela Igreja, por meio dos quais são santificadas algumas circunstâncias da vida. Incluem sempre uma oração, muitas vezes acompanhada do sinal da cruz e de outros sinais. Entre os sacramentais, figuram, em primeiro lugar, as bênçãos, que são um louvor a Deus e uma oração para obter os seus dons, as consagrações de pessoas e as dedicações de coisas para o culto de Deus” (Compêndio do Catecismo da Igreja Católica n. 351).

6. A Piedade popular. Pode ser, se bem fundamentada, uma resposta pessoal do fiel ao Espírito Santo que fala no seu interior. Não se oporá à Liturgia, mas, ao contrário, ajudar-nos-á a melhor vivê-la no nosso dia a dia (cf. Sacrossanctum Concilium n. 13).

7. O Sacerdócio comum dos fiéis. Não se confunde com o sacerdócio ministerial, mas é inerente ao próprio Batismo e leva cada fiel a fazer da sua vida uma oferta a Deus ou, em outras palavras, a perceber que nada deste mundo é neutro ou profano ao cristão, mas pode ser usado, no aqui e agora, em vista do Reino celeste (cf. Lumen Gentium n. 34).

8. A Arte litúrgica. Deve, na Igreja, ser um meio e não um fim. Isto é, há de servir de canal para levar o fiel do material ao transcendente ou do ser criado (velas, pinturas, imagens etc.) ao Criador.

(Fonte: Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Curso de Espiritualidade. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 2006, p. 113-117).

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