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Jogadores de Deus: “Perdíamos de 15 a 0 e saímos do futebol felizes”

futbolistas de Dios Iniciativa de la Iglesia católica en Venezuela futbol

Sub campeones del torneo local Apertura AFES 2024

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Carlos Zapata - publicado em 23/01/25
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Na Venezuela, os 'jogadores de Deus' geram alegria e constituem um celeiro de futuros jogadores profissionais. Uma iniciativa extraordinária da Igreja Católica, apoiada pela Unicef, como alternativa à migração forçada.

Um programa inovador da Igreja Católica dá esperança e futuro a crianças resgatadas da imigração ilegal. Elas estão em uma esquecida região fronteiriça, nas costas venezuelanas, onde o futebol se une à vocação missionária para transformar lágrimas em sorrisos.

São os jogadores de Deus', crianças que praticam esporte de forma profissional todas as semanas na Venezuela. Essa academia está registrada legalmente, embora os treinos aconteçam em um campo de futebol acidentado, onde há areia de sobra e muitos sonhos.

O milagre, como chamam, comemora 4 anos de vida particularmente bem-sucedidos em janeiro de 2025. É impulsionado e sustentado pela Cáritas, por meio de uma iniciativa apoiada pela Diocese de Carúpano, dentro de um programa chamado “Apamate”.

Essa iniciativa beneficia centenas de crianças, adolescentes e jovens, e inclui um acompanhamento psicossocial, com um impacto positivo nos adultos. "É fruto de um esforço coletivo, com o apoio internacional da Unicef, com o objetivo de prevenir as migrações forçadas às quais muitas crianças e adolescentes vulneráveis da América do Sul costumam recorrer.

Aarón é um de seus participantes. Tem 13 anos e joga como lateral. Ele falou com a Aleteia, acompanhado de sua mãe e de seu treinador, o técnico do Misericórdia F.C., o nome oficial do time.

Ele não poupa expressões de entusiasmo. Mas, antes de tudo, deixa claro: “O que mais gosto é de jogar!”. É um garoto saudável e alegre, que apressa sua mãe para acompanhá-lo até o campo duas vezes por semana, para os treinos.

Eles se organizam para que o esporte não atrapalhe os estudos, onde ele se destaca, uma das condições para poder praticar as duas atividades.

“Eu sonho em jogar no Real Madrid”

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Tercer lugar en campeonato nacional en Caripe, estado Monagas

“Treinamos às terças e quintas-feiras. O futebol me ajudou a me treinar como jogador e também na parte religiosa. Uma senhora da Cáritas nos dá palestras. Nas últimas semanas, nos falaram sobre fraudes e nos disseram para tomar cuidado”, conta o jovem.

Quando questionado sobre seus sonhos, diz: “Gostaria de jogar em qualquer clube da Espanha. Eu sonho em jogar no Real Madrid ou na Real Sociedad”.

Algum ídolo no esporte? Ele tem um claro: “O que mais me chama a atenção é o Cristiano Ronaldo. Gosto do jeito que ele joga. Desde pequeno sou fã dele e gostaria de conhecê-lo”.

O que Aarón pede a Deus? “Que me ajude na minha carreira de futebol para me tornar um jogador profissional”. Enquanto isso, ele estuda no ensino médio e tem uma matéria, o inglês, pela qual sente paixão, e acredita que isso o ajudará no futuro. 

Sua mãe também é grata a essa iniciativa. “A Academia Misericórdia Futebol Club realmente tem sido uma bênção de Deus. Somos uma grande equipe, uma grande família; assim chamamos, porque foi uma grande família que se formou aqui”, explica.

Improvisaram um campo na sede da Cáritas

Ela conta que tudo começou “em condições bastante simples, para não dizer precárias, com muita humildade e simplicidade, no terreno de uma casa onde atualmente está a Cáritas”. Era um terreno sem condições adequadas para que as crianças treinassem.

“Nos tem ajudado muito, nós adultos, a guiar as crianças pelo bom caminho e oferecer algo melhor para os jovens", afirma Yubira.

Ela se considera uma pessoa de fé e garante que, em sua terra, o futebol se tornou uma bênção que ajuda a unir as famílias. Além disso, ela observa que agora as pessoas vão à Missa e muitas estão dedicadas ao serviço.

“São jogadores da Igreja, missionários em um caminho de fé. Muitos já foram batizados e fizeram a Primeira Comunhão. Têm pensamentos saudáveis, desejos de futuro, e se formam. Isso é muito bom e nos satisfaz como representantes”, compartilha.

Ela se sente em dívida com Deus. Tanto que “mais do que pedir, eu agradeceria a Ele por esse presente de fazer realidade algo que não esperávamos. Confio em que continuemos, porque é um projeto muito bonito”.

A solidariedade é abundante: “Somos uma família”

Ela destaca que, em meio às dificuldades econômicas em um país particularmente afetado pela crise, a comunidade se apoia: “Se algum dos meninos precisa de uma camisa para o uniforme, conseguimos; ou alguém empresta um short para o outro. Quando são de famílias com poucos recursos, o que acontece frequentemente, aparece a solidariedade e a integração”.

Eventualmente, eles se apoiam em rendimentos provenientes de pequenas vendas em seu perfil Misericordia.Store no Instagram, onde, com paciência, conquistaram seguidores.

Um dia de futebol é agitado e envolve sacrifícios. “Às vezes, Aarón me deixa louca, porque quer ir para o futebol ao meio-dia”, explica a mãe, com um sorriso, depois de alertar que o trabalho diário pode complicar o ajuste de horários.

Os treinos são conduzidos por Robert Rojas, um jovem venezuelano que antes era técnico da equipe de futsal da paróquia. “Nós jogávamos quando havia atividades religiosas ou uma festa patronal. Convidávamos outros times e organizávamos quadras”.

Mas, em dezembro de 2020, durante uma conversa na casa paroquial entre o bispo, Dom Jaime José Villarroel Rodríguez, o pároco, Jesus Eduardo Villarroel, e ele, surgiu a ideia. Colocaram nas mãos de Deus, e em 11 de janeiro de 2021, se tornou realidade.

“O futebol é um instrumento para chegar a Deus”

Todo ano, na data de fundação, celebram uma Missa de ação de graças, depois jogam e finalizam com um momento de confraternização. Além disso, as crianças encenam a Via Crucis e participam ativamente da Semana Santa.

“Dizemos que somos uma ‘academia diferente’, porque nela o futebol é um instrumento para chegar a Deus”, explica Rojas.

Além disso, são missionários: “Fazem obras de misericórdia. Vão ao hospital, ao cemitério para acompanhar as famílias enlutadas. Até visitam o reformatório de menores, a prisão, para visitar os detentos. Também vão ao hospital, onde geralmente levamos roupas ou algo saudável, como apoio”.

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Eucaristía en la parroquia

Com a academia, a Igreja consegue que, além do esporte, as crianças também experimentem o amor de Deus de diversas formas, ele explica. 

Começaram em 2021, durante a pandemia, como uma alternativa para dar ânimo às pessoas afetadas pela depressão durante o confinamento forçado por motivos médicos.

“Literalmente, estavam ficando loucas. Então, assumimos um risco, pois não podíamos deixar as famílias morrerem de tristeza. Habilitamos aquele espaço na Casa Santana, que era um estacionamento de terra”.

“Fizemos as inscrições a portão fechado, com máscaras. A academia nasceu e depois se transformou em uma escola de futebol. Não planejávamos profissionalizá-la, mas aconteceu. Assumimos como uma ação social para ajudar, com o objetivo de dar ânimo e evangelizar por meio de um acompanhamento real”, explica Rojas.

“Saíamos felizes, porque não desistimos!”

Mas “logo percebemos que, com o apoio da Cáritas Carúpano e o respaldo da diocese, poderíamos apostar um pouco mais. Foi quando decidimos registrar a academia. Depois, inscrevemos o time em torneios da Federação Venezuelana de Futebol”. Assim começou uma vida futebolística profissional.

Foi bem? “Evidentemente, não. Lembro que nos primeiros jogos, a gente apanhava até de mais! Perdíamos de 15 a 0. Mas isso nos ajudou, porque não desistimos. E algo muito bonito dessa época é que as pessoas diziam que estávamos loucos, porque saíamos muito felizes. Diziam que nós gostávamos das derrotas!”

De fato, eles se divertiam mais com os jogos do que com o resultado, se apoiando mutuamente, com esperança de um futuro melhor e a alegria de adicionar o esporte aos seus dias. “Saíamos felizes. Nos divertíamos mais do que quem ganhava”, insiste Robert Rojas ao contar as anedotas de um passado recente.

Atualmente, o bom nível da modesta equipe é evidente. Eles são levados em consideração por competições mais exigentes e especializadas. Agora, disputam semifinais e quartas de final em algumas categorias, com partidas de relevância internacional.

O jovem treinador fala com entusiasmo e confia na ajuda divina. Mais do que gols, pede a Deus a satisfação de fazer as coisas bem e que lhes conceda novas alegrias.

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