separateurCreated with Sketch.

Duas vezes viúvo em seis anos: “A paternidade me salvou”

Pai e filho nos campos de trigo
whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Kaja Zupanc - Bérengère Dommaigné - publicado em 28/01/25
whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Martin Eggleston ficou viúvo duas vezes em seis anos e caiu em uma profunda tristeza, mas seus três filhos o ajudaram a reencontrar a alegria de viver.

"Este ano marca o meu quarto ano como pai viúvo de três filhos. Meu caminho até o papel que ocupo hoje foi doloroso e desafiador, e às vezes senti que estava em um túnel escuro sem luz no fim", diz Martin Eggleston, guia turístico de 51 anos, natural de Oxfordshire (Reino Unido). Ele não esconde que não foi poupado pelas adversidades da vida, se tornando viúvo duas vezes em seis anos.

No entanto, ele hoje compartilha sua alegria de viver e a importância da paternidade em sua vida. "Ser um pai viúvo não apenas me deu uma razão para seguir em frente, mas também me deu alegria e um propósito após perdas tão terríveis".

"Eu acreditava que tínhamos toda a vida pela frente"

Em 1999, Martin conheceu sua primeira esposa, Jane, por meio de um amigo em comum. "Tive muita sorte de encontrá-la, e nos casamos em 2002. Quando olho as fotos do nosso casamento e os grandes sorrisos em nossos rostos, me lembro de como acreditava firmemente que tínhamos toda a vida pela frente."

Quatro anos após o casamento, o casal teve uma filha, Amy, e levava uma vida completamente normal. Mas, no verão de 2008, Jane percebeu um nódulo em seu seio esquerdo. Ela tinha apenas 39 anos, mas o diagnóstico foi um câncer em estágio 4. Após quimioterapia e radioterapia, ela entrou em remissão por 18 meses antes de o câncer retornar em 2011. Jane faleceu em fevereiro de 2014.

"Eu estava completamente devastado. Amy tinha apenas sete anos. Mas, como Jane estava tão frágil por causa da doença e do tratamento, eu já estava muito envolvido na criação dela como pai. Eu era tanto pai quanto mãe. Então, me dediquei à minha filha, apoiando-a em seu luto e fazendo o meu melhor para dar a ela uma vida feliz, apesar do que havíamos vivido", conta o pai de família.

Uma organização para viúvos

Martin então passou a criar sua filha sozinho e não pensava no futuro. "Eu tinha apenas 41 anos, mas estava determinado a não ter outro relacionamento. A dor era tão grande que eu não me sentia capaz de abrir meu coração e amar outra mulher." Porém, graças à organização inglesa WAY (Widowed and Young), que reúne jovens viúvos e viúvas, ele conheceu pessoas na mesma situação e foi tocado pelos depoimentos deles, especialmente daqueles que decidiram se casar novamente.

"Vi que eles não deixavam que o sofrimento ditasse sua felicidade futura, e comecei a me perguntar se um dia poderia também me abrir para outra pessoa." Assim, em 2015, ele conheceu Kirsty em um fórum online para viúvos. Ela também era viúva, seu marido havia falecido em 2013. Kirsty tinha dois filhos, Daniel e Luke, então com 9 e 2 anos.

"Nenhum de nós se sentiu ameaçado pelo amor que sentíamos por nossos falecidos cônjuges, sabíamos que havia espaço em nossos corações para eles e para nós," explicou Martin. As crianças se deram muito bem, e em março de 2016, Martin e Kirsty decidiram se casar e viajaram para a Califórnia em lua de mel, junto com seus três filhos.

A rotina da paternidade

Mas o destino foi cruel. Um ano após o casamento, Kirsty descobriu um nódulo em seu seio direito. "Eu tinha a sensação de ter uma segunda chance, de ter uma vida feliz, mas em 2020, meu mundo desabou novamente", conta Martin.

Kirsty faleceu aos 47 anos, Amy tinha 14 anos, Daniel e Luke, 15 e 8 anos, respectivamente. O viúvo teve que lidar com o dia a dia, agora com três filhos.

"Eu acordava de manhã, preparava as refeições, lavava as roupas e me certificava de que eles fizessem as tarefas escolares, mas sentia que não estava realmente presente. O choque e a tristeza me afundaram em um buraco negro emocional, eu bebi demais para adormecer a dor. Eu não conseguia entender o que tinha feito para merecer isso", confessa Martin.

Olhar para o futuro

Mas, aos poucos, graças à força de vida de seus filhos, Martin reencontrou o motivo para lutar. "Demorou, mas quando a neblina começou a dissipar um pouco, percebi que as crianças só me tinham a mim."

"Suas mães me confiaram a elas e elas merecem um pai melhor do que aquele que se contenta apenas em resolver os problemas. Claro, há momentos em que sinto o peso das responsabilidades sobre os meus ombros e percebo a quantidade de papéis que tenho. Sou pai, mãe, aquele para quem eles recorrem em busca de conforto, seu confidente,” ele afirmou. 

Mas Martin encontrou maneiras de garantir uma presença reconfortante e valiosa para seus três filhos. "Quando comemoramos aniversários ou viajamos juntos, sempre falta duas pessoas e todos sentimos o amargor desses momentos. Mas eu e as crianças sabemos que precisamos aproveitar a vida ao máximo e olhar para o futuro, porque Jane e Kirsty não tiveram essa chance."

Assim, Martin conclui que, sem seus três filhos, "sua vida seria monótona e vazia".

"A paternidade me salvou depois de perder duas vezes o amor da minha vida. Hoje, me sinto novamente feliz."

Newsletter
Você gostou deste artigo? Você gostaria de ler mais artigos como este?

Receba a Aleteia em sua caixa de entrada. É grátis!

Aleteia vive graças às suas doações.

Ajude-nos a continuar nossa missão de compartilhar informações cristãs e belas histórias, apoiando-nos.