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A história pessoal do Papa moldou sua vida e sua visão sobre a doença

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Cyprien Viet - publicado em 10/03/25
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Conheça a história de Papa Francisco e de quando o Papa foi salvo por uma freira

A fraqueza pulmonar do Papa é pública desde o início de seu pontificado e até mesmo desde o conclave de 2005, causando repetidas crises de saúde desde então. No entanto, a informação de que o Pontífice argentino "tem apenas um pulmão" é imprecisa: ele possui dois pulmões, mas passou por uma grande operação aos 20 anos para remover cistos do lobo de seu pulmão direito. Em sua recente autobiografia, Esperança, o Papa evoca essa lembrança dolorosa de agosto de 1957, no agora quase esquecido contexto da epidemia de gripe asiática, “que causou milhões de mortes naquele ano em todo o mundo”, recorda ele. Doente como todos os seus colegas seminaristas, Jorge Mario Bergoglio viu sua condição se deteriorar mais do que os outros. O médico do instituto, a quem os seminaristas apelidaram cruelmente de "o Animal", não levou sua situação a sério.

Salvo por uma freira

Graças a uma decisão tardia do prefecto de estudos do seminário, o futuro papa foi finalmente transferido para o Hospital Sírio-Libanês em Buenos Aires.

“Mas minha sobrevivência se deve principalmente a uma freira,” diz o Papa Francisco, prestando um tributo vibrante à freira dominicana Cornelia Caraglio. Foi ela quem ordenou que sua dose de antibióticos fosse dobrada. O especialista, convocado pela freira, “drenou um litro e meio de líquido dos meus pulmões,” relata o Papa em sua autobiografia. Esse procedimento “iniciou uma lenta e inconstante recuperação da beira entre a vida e a morte. Para realizar a endoscopia nos meus pulmões sem afetar meu coração, me encheram de morfina: o mundo parecia distorcido, as pessoas se tornavam miniaturas; isso também foi uma experiência terrível, um aspecto do pesadelo em que eu havia caído,” conta Francisco.

“Meus companheiros vieram do seminário me visitar; alguns também me doaram sangue para transfusões,” continua o Papa, agradecido por essa solidariedade da comunidade. “Gradualmente, as febres decidiram me deixar, e a luz começou a retornar.”

Este incidente de saúde foi um ponto de virada importante na vida do futuro papa. “Eu gostava do seminário, mesmo tendo saído dele. Ou melhor, eles me carregaram para fora do seminário: em uma maca, à beira da morte,” recorda.

Foi após sua recuperação que Jorge Mario Bergoglio ingressou na Companhia de Jesus no ano seguinte, em um longo período de formação que o levaria à ordenação como sacerdote em 1969 e aos votos finais em 1973.

“Jesus compartilhou nosso sofrimento”

Essa experiência juvenil formou a reflexão do Papa Francisco sobre o sofrimento. Em sua recente mensagem para o Dia Mundial do Enfermo, em 11 de fevereiro de 2025, o Papa enfatizou como “experimentamos a proximidade e a compaixão de Deus, que, em Jesus, compartilhou nosso sofrimento humano. Deus não nos abandona e muitas vezes nos surpreende ao nos conceder uma força que nunca teríamos esperado e que nunca teríamos encontrado sozinhos.”

“O sofrimento, então, torna-se uma ocasião para um encontro transformador, a descoberta de uma rocha sólida à qual podemos nos agarrar em meio às tempestades da vida,” afirma o Papa. Sua mensagem é repleta de uma visão positiva da hospitalização como um lugar de solidariedade e fraternidade.

“Os lugares de sofrimento são frequentemente também lugares de compartilhamento e enriquecimento mútuo,” continua ele. Através de todos os envolvidos nos cuidados, “descobrimos o amor,” explica.

“Percebemos que somos ‘anjos’ de esperança e mensageiros de Deus uns para os outros, todos juntos: pacientes, médicos, enfermeiros, familiares, amigos, padres, homens e mulheres religiosas, não importa onde estejamos, seja na família ou em clínicas, lares de idosos, hospitais ou centros médicos,” acrescenta Francisco.

Mensagens do hospital

Há alguns anos, o Papa Francisco fez o Angelus de 11 de julho de 2021, do hospital Gemelli, onde havia acabado de passar por uma grande cirurgia intestinal. O Papa pediu aos ouvintes que “rezem por todos aqueles que estão doentes, especialmente por aqueles nas condições mais difíceis: que ninguém fique sozinho, que todos recebam a unção da escuta, proximidade, ternura e cuidado.”

Ele expressou sua gratidão aos médicos, mas também sua compaixão pelas crianças doentes que conheceu durante sua hospitalização.

Essa experiência do hospital como comunidade de vida também se refletiu, de certa forma, no comunicado do domingo sobre seu estado de saúde. Foi informado que, durante a manhã daquele domingo, no apartamento no décimo andar do Gemelli, o Papa Francisco havia “participado da Santa Missa, com aqueles que o estão cuidando durante esses dias de internação.” Foi uma maneira, mesmo em seu sofrimento e vulnerabilidade, de assumir sua função papal em uma dinâmica de fé e gratidão pela profissão médica.

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