No mundo causa preocupação a má nutrição de milhares de crianças. O problema se dá, sobretudo, pela escassez de alimentos. Mas a alimentação errada também pode causar diversos problemas como a obesidade infantil. No Brasil este já é o maior problema de saúde pediátrica, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) uma em cada três crianças brasileiras está acima do peso. O Sistema de Vigilância Alimentar indica que 5% das crianças brasileiras têm obesidade grave, e nos adolescentes o índice é de 4%.
Segundo Ana Maria Maya, Especialista do Programa de Alimentação Saudável e Sustentável do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec), “o consumo alimentar é o principal determinante para esse excesso de peso. Percebemos que 85% das crianças de 5 a 9 anos estão consumindo ultraprocessados de forma constante. Então, a gente tem percebido um aumento preocupante do excesso de peso da nossa população de crianças e de adolescentes e um consumo alimentar inadequado, caracterizado pelo alto consumo de produtos ultraprocessados”, explicou Ana Maria em entrevista ao programa Viva a vida da Pastoral da Criança.
O que é a obesidade infantil?
José Augusto de Britto, pediatra da Fundação Oswaldo Cruz, explica o que é a obesidade infantil: “Se uma criança tem seu peso 25% maior que o desejável para sua idade, ela tem o que chamamos de sobrepeso, um alerta para a obesidade. Quando o peso está 30% acima, ela já é considerada obesa. Ambas as condições podem favorecer a doenças futuras”.
Além disso, o excesso de peso leva as crianças a desenvolverem doenças crônicas como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e problemas no fígado, de uma forma cada vez mais precoce. “Outros comportamentos que também estão relacionados ao excesso de peso na infância são a baixa autoestima, o isolamento, a depressão, a ansiedade, outros distúrbios alimentares e dificuldades também na rotina e nas atividades escolares”, Segundo Ana Maria Maya.
Como combater?
Além do crescente consumo de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo também propicia a obesidade nas crianças. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda pelo menos 60 minutos diários de atividade física moderada para crianças acima de 4 anos. As atividades são, sobretudo, brincadeiras em que a criança se movimenta e exercita o corpo.
Nesse sentido, Gabriela Simões, nutricionista, explica a necessidade de organizar o tempo para as atividades: “Os responsáveis pelas crianças em idade escolar devem procurar limitar o tempo de tela (TV, videogame, celular e tablet) em até 2 horas por dia e evitar que a criança realize suas refeições assistindo TV. O aumento do tempo de tela pode contribuir para inatividade física e menor gasto energético e a mídia televisiva pode colaborar para escolha por alimentos não saudáveis. Deve-se estimular a criança a fazer atividades que possam ser realizadas em casa ou nos parques e praças, como dançar, pular corda, jogar bola ou andar de bicicleta”.
A família deve ter o cuidado com a seleção dos alimentos, evitando os ultraprocessados, e organizando a rotina das crianças; e à comunidade cabe criar espaços adequados para as atividades: “Na comunidade é importante pensar em como a gente pode transformar os espaços nos quais a gente convive em espaços mais saudáveis. Como a gente pode contribuir para a criação de hortas comunitárias, de espaços coletivos que promovam atividade física e que promovam mais saúde. E também como a gente pode cobrar o poder público”, conclui Ana Maria Maya.