Durante os trabalhos preparativos para o Sínodo sobre a Igreja sinodal, em um dos instrumentos de trabalho foi abordada a questão da missão no ambiente digital. De fato, a Igreja se insere nos diversos contextos humanos e a todos procura levar a luz da fé. Em geral pensamos em missão no sentido “quilométrico”, no sentido de territorial. Admiramos os missionários que se aventuram em terras distantes e apresentam o Evangelho a diversos povos e culturas, devorando centenas de quilômetros. Mas surgem em nossos dias também os missionários digitais.
Os indivíduos, organizações e instituições existem em lugares determinados e desenvolvem seu trabalho em certos contextos. Mas, muitas vezes temos contatos com pessoas, comunidades e instituições de lugares diferentes e que nos ajudam a viver a fé.
As fronteiras missionárias atuais não correspondem às geográficas. No atual contexto, cabe o seguinte exemplo: Uma pessoa de um país de minoria católica está à um clique de distância de comunidades que vivem de maneira fervorosa a fé. Um exemplo bem preciso são os cantos religiosos que são cantados no Brasil e na Coréia, uma união que mostra a realidade da comunhão do Espírito Santo, por meio da internet.
Igreja em saída
A Igreja Católica incentiva e acompanha a missão no ambiente digital. Ela reconhece como seus agentes os missionários digitais que usam a tecnologia para transmitir o Evangelho na atual cultura da comunicação. No Brasil, os missionários digitais se organizam com a comissão de comunicação da CNBB e promovem diversas iniciativas e encontros. Existem momentos de oração, de formação e reflexão. Os missionários se encontram remotamente, mas também promovem encontros presenciais.
Encontros
No ano passado a CNBB promoveu um encontro com 17 sacerdotes que evangelizam por meio das redes sociais; no início de março deste ano, realizou o primeiro encontro presencial do projeto Missionários Digitais Brasil.
São missionários digitais os padres cantores, jovens que atuam como influencers nas redes sociais, instituições católicas que evangelizam pelos meios de comunicação e fiéis que se empenham em testemunhar a fé no ambiente digital.
Missão
Na revista La Civiltà Cattolica, o jesuíta Padre Bruno Frengueli alertou que “para estar presente no digital, é preciso muito cuidado, pois critérios para avaliar a missão da Igreja no ambiente digital não devem ser derivados do campo empresarial, político, publicitário, mercadológico ou do entretenimento. Métricas digitais como alcance, engajamento, cliques e visualizações podem ser critérios muito importantes para qualquer outra instituição social, mas dizem muito pouco à Igreja do ponto de vista de sua missão. Os números não importam para a Igreja, porque a ‘matemática de Deus’ é diferente, já que a multiplicação só ocorre quando há fração e partilha”, reflete.
No final de julho acontecerá em Roma o Jubileu dos Missionários Digitais, um momento emocionante para celebrar a esperança que essa ação evangelizadora leva para o mundo.