A mentira é considerada um dos pecados capitais e deve ser evitada. Os adultos podem procurar vantagens por meio das histórias que inventa, e isso é uma questão de comportamento e de caráter. Contudo é importante diferenciar a mentira dos adultos das histórias que as crianças inventa.
Para psicóloga Claudia Pinho, “a mentira surge para a criança quanto ela tem um desenvolvimento cognitivo suficiente para isso: então, entre 3 a 4 anos, elas já podem começar a viver a essa experiência, compreendendo e testando formas de manipular a realidade a seu favor. Há várias outras formas de fazer isso, e a mentira é uma parte natural delas”.
Diferente do adulto, a criança não busca passar uma informação falsa, mas elas procuram “testar sua autonomia e também conhecer sobre o quanto podem influenciar pessoas e seu meio como um todo, bem como para formar e fortalecer relações”, afirma Claudia Pinho que afirma ainda que para a criança mentir pode ser “uma forma de exercício da criatividade e imaginação, algo mais ou menos parecido com o faz de conta e jogos que também são tão comuns na infância”.
Mentira patológica
Contudo, os pais precisam ficar atentos, pois, se a mentira se tornar frequente na vida da criança, pode indicar dificuldades emocionais ou comportamentais. “Nesses casos, a criança mente a partir de conflitos que envolvem autoestima, atenção e que podem indicar caminhos para investigar e abordar melhor alguma disfuncionalidade”, explica a psicóloga.
A família deve, então, ficar atenta para distinguir as fantasias inofensivas e saudáveis da criança, daquelas nocivas, que devem receber essa abordagem mais séria.
Claudia Pinho alerta que, basicamente, a mentira precisa de atenção adequada e não somente de punição. “Punir não ajuda: só aumenta a culpa e a vergonha, já que o mentir patológico pode ser uma resposta a trauma, estresse ou defesa geral da criança”, explica.
“O quanto antes a mentira patológica for abordada na criança, mais eficaz e rápido é o trabalho para resolver as questões que envolvem relacionamento, autoestima e comunicação. Esse trabalho pode ser feito de forma plural, com a família, a escola e os profissionais que envolvem a criança”, conclui a psicóloga Claudia Pinho que é apresentadora do programa Viver com fé e saúde.
