Se for acompanhado pela alegria de descobrir o filho, o período pós-parto também é muitas vezes um período ambivalente carregado com sua parcela de dificuldades: hipersensibilidade, ansiedade, sentimento de incapacidade de cuidar do filho ou o sentimento de risco de prejudicar... Algumas mães podem desenvolver transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) relacionado a experiências traumáticas durante a gravidez, parto ou após o nascimento.
Os sintomas incluem reviver o trauma, evitar situações associadas, mudanças negativas de humor, hipervigilância e, especialmente, aumento da ansiedade. Marine, 32, testemunha essa realidade. "Depois de quatro abortos espontâneos, consegui engravidar do meu filho. Eu não podia acreditar na minha felicidade, vivi metade da minha gravidez em negação, por medo de me apegar a essa criança que poderia desaparecer da noite para o dia."
Agora com seis meses de idade, seu filho Paul está no centro de suas preocupações. "É o meu tesouro. Admito que tendo a superprotegê-lo. Quando ele dorme um pouco demais, fico preocupada, tenho medo de voltar para o quarto dele e encontrá-lo morto..."
Cuidados precoces para uma maternidade tranquila
Um comportamento que pode prejudicar a criança, segundo Véronique Lemoine Cordier, psicóloga e psicoterapeuta especializada em primeira infância. "No início de sua vida, o bebê não entende nada, mas é capaz de sentir amor. O estresse ou o medo dos pais podem fazê-lo acreditar que o amam menos ou nada. Ele corre o risco de desenvolver fraquezas, como ansiedade de separação", explica o especialista, acrescentando que depende da sensibilidade de cada pessoa.
A ansiedade de separação pode se desenvolver por volta dos oito meses de idade. Nessa fase, o choro e o medo do bebê aumentam quando ele percebe que está longe da pessoa que o alimenta, que cuida dele e o conforta todos os dias. O bebê pode então reagir mais quando a separação ocorre em um novo local, como o berçário, porque ele busca a segurança reconfortante de pessoas que conhece bem e lugares familiares.
Foi assim que a filha de Jeanne, Élise, teve dificuldade em se integrar ao berçário, sua mãe observando o menor atraso em casa. "No útero, Élise teve um grave retardo de crescimento. A gravidez foi muito difícil, os médicos nos falaram de muitas patologias das quais ela poderia sofrer", lembra Jeanne.
Nascida em março de 2024, a menina teve três meses difíceis, com várias visitas ao pronto-socorro, principalmente por causa da icterícia. Embora agora ela esteja se desenvolvendo bem, seus pais admitem sentir uma certa ansiedade sobre sua evolução.
O estresse ou o medo dos pais podem fazer com que o bebê acredite que o amam menos ou nada.
Enquanto algumas mães conseguem superar suas preocupações após o nascimento, outras precisam da ajuda de um especialista. "Quando a ansiedade persiste, é essencial obter apoio e quanto mais cedo melhor", recomenda Véronique Lemoine Cordier. O autor de Je rassure mon tout-petit (Eu tranquilizo meu pequeno) também recomenda a regulação emocional. Graças ao apoio de um conselheiro familiar, Marine entendeu que seus medos eram dela, não de seu filho. "Quando ele for mais velho, falarei com ele sobre nossa alegria em tê-lo e os bebês que o precederam para evitar que ele desenvolva a síndrome do sobrevivente", diz ela, dizendo que agora se sente mais tranquila em sua maternidade. Assim, o cuidado precoce promove um relacionamento saudável e um desenvolvimento harmonioso da criança. Em última análise, cada sorriso que uma criança tem no rosto é uma promessa de esperança, um lembrete de que o amor e o apoio podem curar as feridas mais profundas.

