Costuma-se dizer que a fé move montanhas recordando um trecho do Evangelho de Marcos (11,23). A força da fé move, de fato, as pessoas. Segundo o catecismo da Igreja Católica, no parágrafo 26: “A fé é a resposta do homem a Deus, que a ele Se revela e Se oferece, resposta que, ao mesmo tempo, traz uma luz superabundante ao homem que busca o sentido último da sua vida”.
Compromisso
Doris Vasconcelos é missionária leiga na Diocese de Xingu-Altamira, no sudoeste do Pará. Coopera com as mais de 600 comunidades católicas nos dez municípios da diocese. “Fui adotada de coração pela Amazônia desde meus 5 anos de vida, aqui cheguei com meus pais, e fui recebendo do todas a formação educacional, catequética e missionária. Foi vivendo com e junto com os povos germinou, fortaleceu, cresceu e amadureceu a minha fé para então vivenciá-la no amor, na esperança e na vida nos mais diversos quintais da Amazônia”, conta Doris.
Uma particularidade das comunidades da Amazônia são as longas distâncias e as dificuldades para que sacerdotes assistam às comunidades. Na diocese em que vive Doris, são 27 padres para mais de 600 comunidades distribuídas em uma região quase do tamanho do estado de São Paulo. “A minha fé em Nosso Senhor Jesus Cristo é o motor que me faz assumir e continuar firme na missão junto com os povos e como nos diz o Pai Seráfico, São Francisco, basta fazermos o necessário, depois o possível e logo estaremos realizando o impossível na missão, nem sempre precisaremos usar as palavras, mais o nosso testemunho”, conta Doris que é articuladora regional da Rede Eclesial Pan Amazônica e atua em diversas atividades sociais e pastorais.
História de uma vida
Recordando um pouco de tudo o que experimentou, Doris destaca as alegrias de acompanhar a organização das comunidades às margens da Transamazônica, as Comunidades Eclesiais de Base e a luta e demarcação da terra indígena do povo Arara, entre diversas outras alegrias. Vêm à lembrança também as angústias e tristezas pelos impactos sociais e econômicos da usina hidrelétrica de Belo Monte, a violência contra jovens e mulheres, o grande desafio do caso dos meninos emasculados em Altamira na década de 1990, as queimadas, os desmatamentos e outras situações duras. “Todavia, acima de tudo, vivenciei o mais importante: a esperança de acompanhar e estar junto dos povos e mulheres que resistem para existir. Os povos do Xingu vão reconstruindo sua história de luta, resistência e existência na fé e na vida. É um povo de muita fé e resistência”.
“A fé é o meu norte, como um farol a margem de um rio, que do trapiche, mostra ao barqueiro onde ele deve conduzir o seu barco. Assim a fé é para mim”, conclui Doris Vasconcelos
