Antes de encontrar sua verdadeira vocação, Irmã Tosca Ferrante foi policial na Itália. Filha de um militar de Nápoles, ela ingressou na polícia aos 19 anos. "Meu pai passou para mim, e para meu irmão que trabalha no exército, os valores da justiça e da solidariedade para com o próximo", explicou ela em entrevista ao meio de comunicação italiano Avvenire em fevereiro de 2025.
Mas, apesar de sua alegria por fazer parte da força policial nacional, ela admite ter sentido alguma ansiedade sobre seu futuro. "Eu ficava me perguntando sobre o significado da vida e como Deus queria compartilhá-la comigo", lembra ela daquele período particularmente intenso.
"O que você está se tornando?"
E o Senhor mostrou-lhe o caminho a seguir durante um encontro com um jovem delinquente que ela teve que manter sob custódia na delegacia de polícia de Torpignattara, em Roma, enquanto aguardava instruções.
"Este jovem menor havia cometido um roubo", lembra a irmã Ferrante. "Foi a primeira vez dele. Ele começou a chorar, ele disse que estava com medo. Ele me pediu para lhe dar um abraço e eu disse 'não'. Eu não podia, eu estava de uniforme."
Sua própria recusa foi um choque para ela. O menino pediu um abraço, um gesto caloroso e protetor, mas ela o recusou. "Quando cheguei em casa, olhei para mim mesma no espelho e pensei: 'O que você está se tornando?'", diz a Irmã Ferrante. Este foi o início de seu verdadeiro encontro com Deus, o início de um discernimento sério. Isso a levou a ingressar no Instituto Rainha dos Apóstolos para as Vocações, uma congregação que faz parte da Família Paulina, fundada na Itália em 1959 pelo Padre Thiago Alberione.
Uma transição natural
"A transição da força policial para a vida religiosa não foi dramática para mim; era natural", diz a Irmã Tosca. Os cinco anos que ela passou na força policial foram de fato uma escola de humanidade e serviço aos outros para ela. "Conheci tantas pessoas que sofrem: delinquentes, viciados em drogas, jovens, prostitutas, pessoas que estavam bêbadas. Vi tanta pobreza, tanta fome e também tanto mal. Esses encontros me fizeram entender o que Deus queria para mim."
Hoje, aos 55 anos, ela entende que foi seu desejo de cuidar dos outros, através do dom de sua própria vida, que a levou a Deus. Em 2024, celebrou os 25 anos de sua profissão religiosa e foi nomeada Superiora Geral das Irmãs de Maria Rainha dos Apóstolos. Ela também é responsável pelas vocações e pastoral juvenil, além de coordenar o serviço regional para a proteção de menores e adultos vulneráveis na Toscana.
