O Papa Francisco faleceu em seu apartamento na Casa Santa Marta. Na noite de sua partida, seu corpo foi transferido para a Capela da mesma Domus, onde ocorreu o rito de confirmação da morte e a preparação para a sepultura. A previsão é que o corpo de Francisco seja trasladado para a Basílica de São Pedro, para a homenagem dos fiéis, na quarta-feira, 23 de abril.
Pela primeira vez na história do Vaticano, selos foram colocados em dois apartamentos: o da Casa Santa Marta, seu "ninho" onde optou por viver para estar próximo do povo, e o do terceiro andar do austero Palácio Apostólico, que ele utilizou esporadicamente para reuniões e para o Angelus dominical.
Na manhã de segunda-feira, 21 de abril, cardeais já presentes em Roma se reunirão na primeira Congregação, junto com aqueles que conseguirão chegar nas próximas horas. Entre as primeiras decisões tomadas estará a definição da data do funeral, que, segundo as normas da Universi Dominici Gregis, deve ocorrer entre o quarto e o sexto dia após a morte, ou seja, entre sexta-feira, 25 de abril, e domingo, 27 de abril. Como o rito de confirmação da morte foi realizado apenas esta noite, a data mais provável para os funerais é sábado, 26 de abril.
Depois, seguirá o capítulo do Conclave, que ocorrerá entre 15 e 20 dias após a morte do Papa, ou seja, entre 6 e 10 de maio. No entanto, se todos os cardeais estiverem em Roma, o Conclave poderá ser antecipado. Muitas pessoas se reuniram esta noite para rezar por ele, incluindo um terço na Praça de São Pedro, sob a liderança do cardeal Mauro Gambetti. "Lembrem-se de rezar por mim": era assim que o Papa encerrava cada uma de suas audiências, públicas ou privadas, e hoje o mundo inteiro verdadeiramente reza por este amado Papa que, ao longo de doze anos, revolucionou a Igreja ao escolher sempre estar do lado dos mais necessitados.
Os Doze Anos de Pontificado
O Papa Francisco chegou ao mundo há doze anos, em 13 de março de 2013, e foi apresentado ao mundo com um simples "boa tarde". Esse foi seu primeiro cumprimento ao mundo inteiro e já aquela simplicidade desarmante prenunciava uma nova e revolucionária era. Jorge Mario Bergoglio assumiu a liderança da Igreja desde esse dia e conduziu-a por caminhos corajosos, abrindo as portas a "todos, todos, todos", sem temer a resistência de uma parte dos católicos que se mostrava relutante às inovações. Ele fez essa transição logo após o choque das renúncias de Bento XVI, mas soube virar a página de uma forma que parecia difícil até de imaginar.
Nascido em Buenos Aires em 17 de dezembro de 1936, filho de migrantes piemonteses, seu pai, Mario, era contador e trabalhava nas ferrovias, enquanto sua mãe, Regina Sivori, cuidava do lar e da educação dos cinco filhos. Diplomado como técnico químico, ele decidiu seguir o caminho do sacerdócio e entrou para o seminário; em 1958, fez o noviciado na Companhia de Jesus. Desde então, dedicou-se por uma longa vida ao serviço da Igreja, até se tornar cardeal-arcebispo de sua Buenos Aires e, em 2013, o 266º Papa da Igreja Católica.
Sua abertura em relação a divorciados, homossexuais e a valorização das mulheres foi notável, concedendo-lhes espaços que durante séculos foram reservados apenas aos cardeais. Além disso, ele apresentou uma Igreja "em saída", voltada para os mais vulneráveis, como migrantes — sua preocupação primordial — e os pobres. Ao pensar nos necessitados, escolheu um nome que nenhum Papa antes dele tinha ousado usar: Francisco, em homenagem ao pobre de Assis, também um revolucionário de seu tempo.
A morte de Papa Francisco deixa um legado duradouro, lembrando a todos nós que sua vocação foi marcada por uma profunda identificação com os marginalizados e uma incessante busca pela paz e pela justiça. Hoje, o mundo se despede com tristeza e gratidão por tudo o que ele representou e fez durante seu papado. Que ele descanse em paz.

