O Papa Francisco iniciou seu ministério petrino no dia de São José, em 2013. Na solenidade do guardião da Sagrada Família exortou a todos a ser “guardiões da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro e do ambiente”. Uma visão profética e profunda que marcou o início de seu pontificado.
Francisco foi escolhido como Papa em Roma, mas foi no Brasil, em julho do mesmo ano, que o mundo olhou com atenção para o rosto do Papa. A Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro foi a moldura perfeita para que o mundo conhecesse melhor o novo Papa. dentre seus discursos, falou da necessidade de uma Igreja com “rosto amazônico”. Mais de quatro mil quilômetros separavam a capital litorânea da floresta amazônica, mas o pensamento do Papa tocava também a Amazônia.
No ano seguinte foi criada a Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam). O Papa acompanhou o processo de criação e fez exigências em relação à nova instituição que soma esforços da Igreja na região Amazônica.
Laudato Si'
Em 2015 o Papa Francisco publicou a Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado com a Casa comum. Nela o Papa deu seguimento aos seus predecessores em relação à ecologia e apresentou o conceito de que “tudo está interligado”. Um exemplo vivo é a Amazônia que integra rios, climas, pessoas, animais, e vida.
Neste mesmo ano o Papa Francisco levou a Igreja Católica a aderir ao Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, uma iniciativa da Igreja Ortodoxa que é acompanhada por diversas confissões cristãs. Nesta ocasião o Papa destacou que o louvor a Deus pela criação também deveria gerar o empenho por ser guardião da natureza.
Em sua visita à Colômbia, em 2017, o Papa destacou a importância de aprender com os povos da Amazônia. Talvez nossa sociedade desgastada e desgastante tenha algo a apreender com a visão dos povos que vivem na floresta. No ano seguinte o Papa esteve no Peru, visitou uma diocese no meio da floresta, denunciou as ameaças contra os indígenas e falou da importância da proteção.
Sínodo
Em outubro de 2019 aconteceu o Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia. O Papa João Paulo II e o Papa Bento XVI já haviam conclamado sínodos sobre diversas regiões. Dessa vez, a Igreja voltou os olhos para os desafios de cuidado com essa região tão delicada e importante. Após o sínodo, em 2020, o Papa Francisco publicou a Exortação Apostólica Querida Amazônia. Além da riqueza doutrinal e da ampla visão sobre a questão da Amazônia, o documento é de uma literatura refinada e profunda. Com poesias e denúncias, tendo como base o desafio de concretizar os sonhos para a Amazônia.
No paragrafo 57, assim se expressa o Papa Francisco na Exortação Apostólica Querida Amazônia: “Deus Pai, que criou com infinito amor cada ser do universo, chama-nos a ser seus instrumentos para escutar o grito da Amazônia. Se ajudarmos a este clamor angustiado, tornar-se-á manifesto que as criaturas da Amazônia não foram esquecidas pelo Pai do céu. Segundo os cristãos, o próprio Jesus nos chama a partir delas, ‘porque o Ressuscitado as envolve misteriosamente e guia para um destino de plenitude. As próprias flores do campo e as aves que Ele, admirado, contemplou com os seus olhos humanos, agora estão cheias da sua presença luminosa’. Por todas estas razões, nós, os crentes, encontramos na Amazônia um lugar teológico, um espaço onde o próprio Deus Se manifesta e chama os seus filhos”.
