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Entre rumores verdadeiros e falsos, Roma ferve de emoção a poucas horas do Conclave

Le cardinal Jean-Paul Vesco assailli par des journalistes à son arrivée au Vatican le 5 mai 2025.

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Cyprien Viet - Cibele Battistini - publicado em 06/05/25
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Roma ferve à medida que se aproxima o conclave, durante o qual 133 cardeais com menos de 80 anos escolherão o sucessor do Papa Francisco. É uma experiência espiritual difícil de decifrar para os jornalistas acostumados ao ritmo da vida política.

"Acalmem-se, por favor! Calma! Calma!" A intervenção de um funcionário da Oficina de Imprensa da Santa Sé para tentar proteger um cardeal italiano cercado por um mar de microfones e câmeras perto da fronteira entre Roma e o Vaticano, que empalidece em comparação com a excitação dos milhares de jornalistas deslocados para cobrir o conclave.

"A escolha dos Papas sempre atraiu uma grande atenção da mídia, mas o que é diferente este ano é a proliferação de canais de notícias, sites e blogs, o que criou um novo modelo de comunicação, que pode ser desestabilizador e até violento para alguns cardeais, especialmente os mais veteranos", afirma um especialista em questões vaticanas.

"Você acha que pode se tornar o próximo chefe da Igreja Católica?", perguntavam os jornalistas de forma direta a cardeais cujos nomes e origens desconheciam, enquanto seus colegas mais experientes observavam consternados, desejosos de abordar questões mais sutis.

Os ecos das reuniões dos cardeais nos últimos dias revelaram linhas de pensamento às vezes contraditórias, que o futuro Papa deverá sintetizar: alguns relatam a crescente importância da Ásia e do hemisfério sul, e o desejo de ampliar a atenção aos pobres e aos mais vulneráveis, em fidelidade à linha seguida pelo Papa Francisco. Outros apontam a necessidade de um certo reenfoque institucional e de um retorno a uma teologia mais clássica, na tradição de João Paulo II e Bento XVI.

Ao redor do Vaticano e além, da invasão da mídia mundial que envolve o conclave é o ritmo da vida cotidiana em Roma. Alguns proprietários lucram alugando suas varandas para os meios de comunicação, dispostos a desembolsar enormes quantias para estar presentes e visíveis neste evento mundial. Mas estão sendo postos em prática outros dispositivos originais e menos custosos. Por exemplo, na varanda de um restaurante em Borgo, um programa de televisão reúne vários especialistas e padres com colarinho romano debatendo sobre as delícias da culinária italiana em uma situação real, com outros clientes e o pessoal de serviço como pano de fundo… Perto da praça de São Pedro, as transmissões ao vivo dos jornalistas de televisão são observadas com curiosidade por peregrinos e outros jornalistas ávidos por "captar" informações e contatos. O pequeno mundo da mídia se mede e se cruza com uma mistura de benevolência, ciúmes e aborrecimento.

Da Emoção à Oração

No domingo, a "caça aos cardeais" se espalhou por Roma, nas paróquias onde os cardeais exercem suas funções e onde os fiéis observavam, incrédulos, como os jornalistas levavam seus equipamentos de televisão. A fluência em italiano do cardeal francês Jean-Marc Aveline em sua paróquia de Santa Maria ai Monti foi especialmente notável, mas gerou interpretações divergentes. "Há algo no arcebispo de Marselha que está crescendo", disse um especialista vaticanista. "Ele está recebendo muita atenção, dá a impressão de uma campanha eleitoral... Os outros cardeais ficarão incomodados", comentou outro.

No final da semana passada, uma notícia da imprensa italiana causou comoção. Dizia-se que o cardeal Pietro Parolin, figura chave da Cúria Romana como Secretário de Estado da Santa Sé sob o pontificado de Francisco, e um dos papáveis mais observados, havia adoecido e recebido atendimento médico durante uma hora à parte das Congregações Gerais.

É verdade? "Não", respondeu secamente o diretor da Oficina de Imprensa da Santa Sé em uma troca com jornalistas. Poderia esse mal-estar ser uma fake news? Ou seria a própria desmentida do Vaticano uma fake news? As animadas discussões dividem os especialistas vaticanos.

Outros objetos de ataques por parte da imprensa são uma série de temas delicados — a gestão dos abusos, as relações com a China, as finanças vaticanas —, o cardeal italiano de 70 anos sofreu vários incidentes de saúde desde sua nomeação como "número dois" do Vaticano em 2013, sem deixar de desempenhar suas funções e de viajar pelo mundo, inclusive para países em guerra. Poucas horas depois que o rumor se espalhou, o cardeal Parolin foi visto na basílica de São Pedro, visivelmente sereno e sorridente, abençoando felizes os fiéis.

Nestes dias em Roma, toda uma comunidade humana está viva, vibrante e apaixonada pela escolha do novo Papa. Em contraste com a maioria dos cardeais que querem evitar ao máximo o contato com a imprensa, o cardeal não eleitor Gregorio Rosa Chávez, de El Salvador, responde várias manhãs seguidas com caridade e paciência às perguntas dos jornalistas, oferecendo-lhes imagens de São Óscar Romero, o arcebispo martirizado durante a missa de 1980, de quem foi amigo íntimo e colaborador.

Ao ser interpelado por um sacerdote canadense que pediu aos cardeais para "não escolher um progressista como Bergoglio", o cardeal latino-americano, defensor fiel do legado do pontífice argentino, respondeu com calma e sem nervosismo: "Vamos rezar". Afinal, é disso que se trata para os cardeais que terão que escolher um de seus pares: de rezar para discernir quem estará à altura de se tornar o sucessor de Pedro. Com este conclave, nunca antes um retiro espiritual tinha suscitado tanto interesse em todo o mundo.

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