Queridos irmãos e irmãs,
Vou começar com uma palavra em inglês, e o restante será em italiano. Mas quero lembrar as palavras do salmo responsorial: «Cantarei um cântico novo ao Senhor, pois ele fez maravilhas». E isso não é apenas eu, mas todos nós, meus irmãos cardeais. Ao celebrarmos esta manhã, convido-vos a reconhecer todas as maravilhas e bênçãos que o Senhor continua a derramar sobre todos nós e sobre o ministério de Pedro. Vocês me chamaram para carregar esta cruz e ser abençoado por esta missão. Eu sei que posso contar com cada um de vocês para caminhar comigo, enquanto continuamos, como Igreja, como comunidade de amigos de Jesus e de crentes, a anunciar a «Boa Nova».
«Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo» (Mt 16, 16). Por essas palavras, Pedro, ao ser questionado pelo Mestre sobre sua fé, expressa em síntese o patrimônio que a Igreja, através da sucessão apostólica, guarda e transmite há dois mil anos.
Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo, o único Salvador. Nele, Deus se revela a nós, tornando-se próximo. Nos olhos confiantes de uma criança, na mente despertada de um adolescente e nos traços maduros de um homem, Ele nos mostra um modelo de humanidade santa a ser imitado, com a promessa de um destino eterno.
Pedro capta dois aspectos essenciais: o dom de Deus e o caminho a percorrer para permitir a transformação, dimensões indissociáveis da salvação. Confiados a nós, escolhidos antes mesmo do nosso nascimento, regenerados nas águas do Batismo, somos chamados a anunciar o Evangelho a toda criatura.
Em particular, Deus, por seu voto, me confia esta missão para que eu seja o fiel administrador, para o bem de todo o Corpo místico da Igreja. Ela é chamada a ser a luz do mundo, não através de suas estruturas, mas pela santidade de seus membros.
Antes da confissão de fé de Pedro, outra pergunta se impõe: «Ao dizer das pessoas, quem é o Filho do Homem?» (Mt 16, 13). Esta não é uma pergunta trivial; ela toca a nossa realidade.
Devemos refletir juntos sobre nosso ministério e nosso compromisso no mundo, conscientes de nossas limitações e potenciais. Juntos, avancemos com fé, para construir um futuro de luz e esperança para todos.
«Ao dizer das pessoas, quem é o Filho do Homem?» (Mt 16, 13). Pensando na cena sobre a qual refletimos, poderíamos encontrar duas respostas possíveis a essa pergunta que delineiam duas atitudes diferentes.
Há, em primeiro lugar, a resposta do mundo. Mateus destaca que a conversa entre Jesus e seus discípulos sobre sua identidade ocorre na bela cidade de Cesaréia de Filipo, rica em palácios luxuosos, aninhada em um cenário natural encantador, ao pé do Hermom, mas também sede de círculos de poder cruéis e teatro de traições e infidelidades. Essa imagem nos fala de um mundo que considera Jesus uma pessoa totalmente insignificante, no máximo um personagem curioso, que pode despertar admiração por sua maneira incomum de falar e agir. Assim, quando sua presença se tornar incômoda devido à sua exigência de honestidade e moralidade, esse "mundo" não hesitará em rejeitá-lo e eliminá-lo.
Há também uma outra resposta possível à pergunta de Jesus: a do povo. Para ele, o nazareno não é um "charlatão": é um homem justo, corajoso, que fala bem e diz coisas certas, como outros grandes profetas da história de Israel. É por isso que o segue, ao menos enquanto pode fazê-lo sem muitos riscos ou inconvenientes. Mas ele é apenas um homem e, assim, no momento do perigo, durante a Paixão, o abandona e se vai, decepcionado.
O que impressiona nessas duas atitudes é sua atualidade. Elas de fato encarnam ideias que poderiam ser facilmente encontradas – talvez expressas em uma linguagem diferente, mas idênticas em sua essência – na boca de muitos homens e mulheres de nosso tempo.
Ainda hoje, há muitos contextos em que a fé cristã é considerada absurda, reservada para pessoas fracas e pouco inteligentes; contextos onde se prefere a outras certezas, como tecnologia, dinheiro, sucesso, poder e prazer.
Trata-se de ambientes onde não é fácil testemunhar e anunciar o Evangelho, e onde aqueles que creem são ridicularizados, perseguidos, desprezados ou, na melhor das hipóteses, tolerados e vistos com pena. E, no entanto, é precisamente por isso que a missão é urgente nesses lugares, pois a falta de fé frequentemente traz dramas como a perda do sentido da vida, o esquecimento da misericórdia, a violação da dignidade da pessoa sob suas formas mais dramáticas, a crise da família e tantas outras feridas das quais nossa sociedade sofre consideravelmente.
Ainda hoje, existem contextos onde Jesus, embora apreciado como homem, é reduzido a uma espécie de líder carismático ou super-homem, e isso não apenas entre os não crentes, mas também entre muitos batizados que acabam vivendo, neste nível, em um ateísmo de fato.
Tal é o mundo que nos foi confiado, no qual, como o Papa Francisco nos ensinou repetidamente, somos chamados a testemunhar a fé alegre em Jesus Salvador. Por isso, para nós também, é essencial repetir: «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo» (Mt 16, 16).
É essencial fazê-lo, acima de tudo, em nossa relação pessoal com Ele, no compromisso de um caminho diário de conversão. Mas também, como Igreja, vivendo juntos nossa pertença ao Senhor e levando a todos a Boa Nova (cf. Conc. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 1).
Digo isso, acima de tudo, para mim mesmo, como Sucessor de Pedro, enquanto começo minha missão como Bispo da Igreja que está em Roma, chamada a presidir na caridade a Igreja universal, segundo a famosa expressão de S. Inácio de Antioquia (cf. Carta aos Romanos, Prólogo). Conduzido como prisioneiro para esta cidade, lugar de seu sacrifício iminente, ele escrevia aos cristãos que ali se encontravam: «Então, serei realmente discípulo de Jesus Cristo, quando o mundo não ver mais meu corpo» (Carta aos Romanos, IV, 1). Ele se referia ao fato de ser devorado pelas feras no círculo – e foi o que aconteceu –, mas suas palavras se referem, de maneira mais geral, a um compromisso incondicional para quem exerce um ministério de autoridade na Igreja: desaparecer para que Cristo permaneça, fazer-se pequeno para que Ele seja conhecido e glorificado (cf. Jo 3, 30), gastar-se até o fim para que ninguém perca a oportunidade de conhecê-Lo e amá-Lo.
Que Deus me conceda essa graça, hoje e sempre, com a ajuda da terníssima intercessão de Maria, Mãe da Igreja.