Trabalho no campo: aprender a “se virar” saindo das paredes dos escritórios

Com o diploma do ensino médio nas mãos, João começa sua primeira experiência de estudo. Aos apenas 18 anos, a ideia de trabalhar no campo. “A principal motivação era, inicialmente, o dinheiro para minha poupança”, conta ele. “Mas, ao trabalhar, gostei da confiança que meu patrão depositou em mim. Trabalhei em uma fazenda, aprendi sobre o cultivo de frutas, e achei isso interessante; isso me fez sair da minha zona de conforto.” Os dois grandes benefícios dessa experiência: em primeiro lugar, ser profissional — o patrão não aceitava qualquer um; e, em segundo lugar, desenvolver sua autonomia — João fazia seus trajetos de bicicleta, percorrendo 20 km todos os dias, entre a manhã, a noite e o trajeto para o almoço, aproveitando as refeições em família.

"Aprendemos a nos virar"

Um trabalho no campo pode durar semanas ou meses, ou até mais. Juliana, 22 anos, trabalhou por dois meses em uma cooperativa agrícola, onde ajudava a vender os produtos no mercado. “Foi uma experiência muito enriquecedora; aprendemos a nos virar e a ser sociáveis”, relata a jovem. Atender os clientes, ajudar a gerenciar os estoques e a organização das vendas foram atividades que a ajudaram a compreender o funcionamento de um negócio. “Aproveitei muito esse período”, continua ela. “Para mim, esses pequenos trabalhos de verão não apenas ajudam financeiramente quando estamos estudando, mas também nos permitem dar os primeiros passos no mundo do trabalho.”

"Uma realidade menos fácil do que eu imaginava!"

Esse mundo do trabalho, Roberto estava motivado para experimentar. No último ano da graduação, ele procurou uma agência de emprego temporário para trabalhar na colheita. “Eu colhia verduras sob o sol”, conta o jovem. “Queria aproveitar metade das minhas férias para ganhar um pouco de dinheiro, mas percebi que ficaria feliz ao terminar meus estudos! Eu achava que poderia mudar de atividades e descobrir muitas coisas, mas estava sempre no mesmo lugar, com um grupo colhendo o que era preciso. Era um trabalho repetitivo, começando assim que o sol nascia e parando apenas para as pausas programadas. Não dava para parar quando quiséssemos: uma realidade menos fácil do que eu imaginava!”

Os benefícios de um trabalho no campo? Tomar as rédeas da própria situação financeira, descobrir a realidade do mundo do trabalho, ganhar em autonomia, sociabilidade e profissionalismo. Essas habilidades moldam o caráter dos jovens, ajudam a aprimorar seus projetos e a ousar sair dos caminhos tradicionais. Além disso, há uma gratidão por pessoas que exercem uma variedade de atividades. Pessoas dispostas a compartilhar suas experiências e saberes, testemunhando seus percursos de vida: belos encontros que não têm preço.