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A Bíblia comprova que a vida ganha sentido quando se encontra a amizade verdadeira

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Paulo Teixeira - publicado em 28/05/25
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“O amigo fiel é um poderoso refúgio, quem o descobre descobriu um tesouro, ele não tem preço, é imponderável o seu valor” (Eclo 6,14)

A Bíblia não nos oferece uma definição direta,  mas está permeada de histórias que ilustram a amizade, como por exemplo Davi e Jônatas: “a alma de Jônatas se apegou à alma de Davi e Jônatas começou a amá-lo como a si mesmo” (1Sm 18,1; 20,17). Na plenitude dos tempos, a encarnação de Deus na nossa história é o gesto de profunda confiança e doação que exprime a perfeita amizade de Deus pela sua criatura: “Ele tinha a condição divina, mas não se apegou a sua igualdade com Deus, ao contrário, esvaziou-se a si mesmo, assumindo a condição de servo e tornando-se semelhante aos homens...” (Fl 2,6-7).

Todas as amizades na bíblia são experiências humanas dentro da perspectiva da fé onde Deus é o centro e o modelo de todo relacionamento. A sabedoria de Israel ensina que a amizade verdadeira é rara e dificilmente consegue ser autêntica. Quando alguém encontra um verdadeiro amigo, encontra a riqueza inestimável que torna delicioso o viver (cf. Pr 15,17; 18,24; Sl 133; 2Sm 1,26). Segundo o Eclesiástico, o amigo fiel é remédio que cura (cf. Eclo 6,14-16). O evangelho nos apresenta a bela amizade entre Jesus e Lázaro (cf. Jo 1,11-44), a única pessoa a quem o NT dá o adjetivo amigo, “o nosso amigo Lázaro adormeceu, vou acordá-lo”.

Deus amigo

Deus estabelece um relacionamento de amizade com a humanidade, somos obras de suas mãos, Ele faz aliança conosco e, para mantê-la, peregrina dentro da história humana. Deus é amigo de Abraão, a quem chama pelo nome (cf. Is 41,8), é amigo de Moisés, com quem falava face a face (cf. Ex 33,11), é amigo dos profetas, a quem revela seus segredos (cf. Am 3,7). A amizade de Deus com o homem é apresentada como modelo e é a fonte de toda amizade verdadeira: “Serás para mim único no mundo...” (Eclo 6,16).

Amizades verdadeiras, apesar de raras, ainda existem e sustentam a vida comum no mundo. No diálogo da raposa com o Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry descreve o momento sublime do nascimento de uma amizade: “Que quer dizer cativar? É uma coisa muito esquecida, disse a raposa, significa ‘criar laços’... se tu me cativas nós teremos necessidade um do outro, serás para mim único no mundo e eu serei para ti única no mundo”. Emergem passos significativos na gênese da amizade. São necessários rituais, hábitos, regras que geram confiança, espaço e tempo onde cada um descobre o dom precioso do outro, o segredo misterioso que ilumina a vida inteira. Sem a amizade a vida se torna monótona, passa a ser um peso, sem sentido: “se tu me cativas, minha vida será cheia de sol, conhecerei seus passos... Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra, os teus me chamarão para fora da toca como se fossem música”.

Sentido da vida

A vida ganha sentido quando se encontra a amizade verdadeira. Não é possível ser único se não for para alguém. O afeto direcionado a uma pessoa faz com que ela seja diferente e única. “A gente só conhece bem as coisas que cativou”, disse a raposa, “os homens não têm mais tempo de conhecer nada, compram tudo prontinho nas lojas, mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!”.

Na famosa frase de Dostoievski, “a beleza salvará o mundo”, podemos imaginar que a amizade tem condições de tomar o rosto da beleza que salvará o mundo; ela é fundamental na manutenção da vida sobre a terra, porque implica abertura e acolhida gratuita, respeito e doação generosa, e exige integridade e compreensão. No mundo marcado pela indiferença, o caminho para Deus se constrói na amizade criativa que sabe descobrir nos raros momentos a visita do absoluto sentido das coisas, que preenche a vida de luz. “A evangelização age e transforma na medida em que sabe que realiza aprofundamento de amizade com as pessoas” (Presbyterorum ordinis, 18) e com toda a obra da criação. Na relação de amizade verdadeira é possível descobrir a manifestação da ternura e acolhida de Deus que cuida da sua obra.

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