Padre Patrick, um caminho enfrentando a depressão 

Conhecido nas redes sociais por seus comentários bem-humorados, Padre Patrick Fernandes tem 37 anos e nasceu no Espírito Santo. Ainda na infância se mudou para o Pará. A descoberta vocacional foi algo inesperado e surpreendente para o jovem, conforme relatou: “Foi um arrebatamento,  uma força absurda que eu não consigo explicar com palavras. Fui no instinto, seguindo aquilo que eu achava que era a vontade de Deus pra minha vida.  Tudo começou em um retiro de jovens, e até esse retiro eu não tinha nenhuma caminhada em Igreja. Me convidaram, eu aceitei,  e ali foi um encontro que transformou o meu coração. E aí as coisas foram acontecendo, né. Essa experiência, depois o seminário, e eu fui me encontrando, aos poucos, até ter a convicção de que era isso mesmo que eu queria”. 

Muitos foram os desafios que Padre Patrick enfrentou em seu caminho sacerdotal, ele nunca desanimou porque sempre sentiu a graça de Deus que o acompanhava. “Tem uma frase de Agostinho que eu gosto muito, ele dizia mais ou menos assim: Para aqueles que não acreditam, nenhum milagre será suficiente. Mas para aqueles que acreditam, nenhum milagre se faz necessário. Eu tenho uma fé para mim que é justamente assim. Eu não preciso do extraordinário para crer, pois me contento de verdade com as coisas pequenas, com as coisas simples”, conforme contou em entrevista à Rede Imaculada de Comunicação. 

A missão na diocese de Parauapebas, no sul do Pará, é intensa. O padre atuava nas paróquias, servia com animação, mas percebeu que algo não estava indo bem. A depressão tinha batido na sua porta. “Eu tive muito medo de pedir ajuda porque reconhecer isso não é fácil, não é simples chegar diante de um psicólogo e expor as minhas feridas,  e aquilo me fazia pensar muito. Mas aí chegou um momento que eu não conseguia mais, que eu precisava de ajuda.

Eu lembro que na primeira consulta, eu chorei muito", relatou emocionado e acrescentou que “a depressão é uma doença muito forte que muitas pessoas não levam a sério, e isso a gente também nota quando os acometidos são os padres, já que muitas pessoas veem os sacerdotes como aquela figura forte que tem que passar ali muita confiança. Quando o sacerdote se encontra nesse momento de fragilidade, ele até mesmo questiona se é aquela missão que Deus passou para ele”. 

O padre conta que o tratamento foi importante e obteve êxito com a colaboração da fé e do bom humor. Padre Patrick ficou conhecido nas redes sociais por responder perguntas de forma bem humorada. As redes sociais também aparecem como uma surpresa para ele. “Eu era muito desleixado em relação às redes.

Os padres conhecidos no Brasil são, em geral, cantores, eu sou um padre do interior e não tinha nenhuma pretensão de se tornar popular. Mas quando eu estava me recuperando, recuperando o sentido das coisas,  sentia vontade de conversar com as pessoas. Porque quando eu estava doente, eu me isolei do mundo e tinha sempre vontade de ficar sozinho. E quando eu fui recuperando o gosto pela vida, foi justamente no período que eu decidi conversar com as pessoas pelas redes sociais, porque a gente estava naquele isolamento social da pandemia. A igreja estava fechada, a gente não tinha o povo celebrando missa e eu que queria conversar com as pessoas. Eu não tinha expectativas, mas acabou que as pessoas gostaram muito do meu conteúdo. Mas hoje eu entendo que foi uma oportunidade de lançar as redes às águas mais profundas”. 

Padre Patrick acredita que todo esse engajamento pode ser importante para a aproximação dos jovens com a Igreja. "Na minha paróquia não falta jovem. Eu sempre gostei  de agregar, de estar no meio das pessoas, de fazê-las sorrir”, conclui o padre.