O filme Mudança de hábito e as Irmãs Marisa e Marizele. Duas eras em transição

. O filme, dirigido por Emile Ardolino, explora temas como os laços de comunidade, identidade e a liberdade de expressão nas tradições religiosas. Com humor e coração, Sister Act se tornou um clássico, promovendo a ideia de que a fé e a diversão podem coexistir.

Na contramão de 30 anos de história, em 2025, as Irmãs Marisa e Marizele da Congregação Copiosa Redenção estão fazendo ondas com seu vídeo viral que mistura beatbox e hip-hop. Essas irmãs não apenas seguem os ensinamentos religiosos, mas também os reinterpretam de uma forma moderna e dinâmica, buscando conectar-se com os jovens e comunidades carentes. O vídeo, que rapidamente ganhou visibilidade internacional e foi compartilhado por diversas personalidades, incluindo a famosa atriz Viola Davis, demonstra a capacidade de adaptação da espiritualidade a novos tempos e contextos culturais.

Ambas as histórias, embora distintas no contexto cultural e geográfico, compartilham a ideia de que a fé pode ser expressada de maneiras inovadoras. Deloris, em Sister Act, é um símbolo dessa quebra de barreiras, trazendo a música contemporânea ao convento. Por sua vez, as irmãs brasileiras estão fazendo o mesmo em sua missão, utilizando o beatbox como um meio de comunicação e evangelização que fala diretamente às gerações mais jovens.

Tanto Sister Act quanto a história das irmãs modernas mostram como os estereótipos sobre a vida religiosa podem ser desafiados. No filme, a figura da freira é humanizada de forma engraçada e acessível, enquanto as irmãs Marisa e Marizele usam o talento artístico para desmistificar a vida religiosa, mostrando que ser uma freira não significa renunciar à alegria e à expressão pessoal.

Enquanto Sister Act explora a cultura americana, as irmãs brasileiras operam em um contexto latino, onde a música e a dança têm um papel central na expressão cultural. A tradição no Brasil é mais permeada pela musicalidade e pela festa, refletindo uma diversidade que se alinha à proposta inovadora das irmãs. Elas trazem um sabor local ao seu estilo missionário, algo que ressoa diretamente com a cultura contemporânea do Brasil.

O ambiente religioso nos anos 90, como retratado em Sister Act, era mais restricto em relação a inovações artísticas. Já em 2025, a discussão sobre a modernização da igreja se tornou comum. A presença de figuras como Irmã Cristina, vencedora do X Factor em 2013, que deixou a vida religiosa para seguir a carreira musical, exemplifica essa evolução. A combinação de fé e arte na vida cotidiana de religiosos parece ter se tornado uma tendência crescente no mundo contemporâneo.

Ao analisarmos Sister Act e as irmãs Marisa e Marizele, vemos um arco de transformação que ilustra como a espiritualidade pode crescer e se reinventar. Enquanto Deloris trouxe uma nova vida ao convento de um filme icônico, as irmãs brasileiras estão fazendo o mesmo em sua vida real, gerando um diálogo entre a tradição e a modernidade. Essa ligação entre passado e presente revela que, apesar das diferenças culturais e do tempo transcorrido, a mensagem essencial de amor, alegria e conexão humana continua a ser a força vital que une as gerações, tanto no cinema quanto na vida real.