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Como vivem os jovens indígenas na Amazônia?

Raiara Barros - indígena

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Paulo Teixeira - publicado em 09/06/25
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A consciência de uma geração de jovens que se vê no dever de cuidar da floresta e as pessoas que nela vivem

Na Exortação Apostólica Querida Amazônia o Papa Francisco dirige um apelo especial para os jovens: “Convido os jovens da Amazônia, especialmente os indígenas, a assumir as raízes, pois das raízes provém a força que os fará crescer, florescer e frutificar” (QA, 33).

As raízes de Raiara Barros estão bem firmes em Xapuri, no Acre. Ela tem 20 anos e se tornou a primeira mulher presidente  da Associação de Produtores e Produtoras Agroextrativistas do Seringal Floresta e Adjacências, na comunidade Rio Branco. “Desde criança, eu via meu pai participando das atividades e construindo tudo junto com os companheiros. Foi quando eu comecei a entender mesmo sobre o movimento do qual ele fazia parte. Comecei a participar também com muito interesse, sabendo que um dia quem estaria no lugar dele seria um dos filhos", contou Raiara à Agência Brasil. 

Raiara trabalha também como secretária de Juventude no município de Xapuri e na coordenação do núcleo local do Engajamundo, associação nacional de jovens voltada para enfrentar problemas ambientais e sociais. O crescimento e fortalecimento das raízes não é fácil e, por vezes, é doloroso. “"Teve um momento que eu cheguei a chorar bastante e a pensar: 'Será que esse é o meu lugar? Será que eu dou conta de continuar?' Eu passei uns três meses afastada de todo tipo de movimento. Mas não tem para onde correr. Aqui é onde eu tenho que estar, onde eu tenho que lutar pelo meu povo", diz Raiara.

juventude indigena

Lídia Guajajara tem 27 anos e é natural do Território indigena Arariboia, no sul do Maranhão. Estudante de direito e influencer, ressalta sempre suas raízes. “A minha ida para as redes sociais foi motivada por essa necessidade de levar conhecimento e reeducar a sociedade sobre as causas indígenas. Participo também de eventos e palestras. E o serviço público foi uma consequência desse meu trabalho", explicou Lídia, para o especial Trilhas amazônicas da Radioagência Nacional

Nessa hora história de desafios, para a juventude está designada a missão de aprender dos antepassados e promover o diálogo para que haja um futuro. "Nós somos a geração que pode decidir e fazer a diferença. Se a gente não se mover agora, impossível que outras pessoas o façam depois. Muita gente não leva a sério o que está acontecendo com a Amazônia e outros biomas. Outros acham que ativismo é moda. Mas nós somos ativistas desde crianças. Já nascemos sabendo o que precisamos defender, que são as florestas e os povos que vivem nela", diz Lídia Guajajara.

Urgência

O sentido de urgência impulsionou o movimento Amazônia em pé, criado em 2022 como uma rede que une ativistas à ação política. Uma das idealizadoras é Karina Penha, ela é bióloga, tem 28 anos e é de São José de Ribamar, no Maranhão. "Desde muito pequena já me considerava uma ambientalista, já tinha essa pauta da proteção do território da Amazônia, entendendo as questões ambientais e climáticas. E no ensino médio comecei a participar mais de programas de liderança e entender a política mais local aqui da região”, conta Karina.

Karina enxerga em 2025 uma oportunidade importante para a conscientização sobre as questões da Amazônia devido a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém, em novembro. Apesar de dados alarmantes e de cenários quase apocalípticos, Karina acredita que o engajamento da sociedade pode reverter a situação. "É isso que nos permite continuar sonhando, não perder a esperança. Eu sei que tem gente mais pessimista, em especial quem trabalha com dados diretamente. E não julgo, porque realmente as notícias são muito alarmantes. Mas precisamos continuar acreditando que a gente pode fazer a diferença, senão o nosso trabalho e a nossa vida não valem muito a pena."

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