Está dito nas Escrituras que o lugar onde Cristo foi morto se chamava "Gólgota", uma palavra hebraica que significa "o lugar da caveira". Em português, por tradução do latim, o mesmo local é conhecido pelo nome de Calvário. Sua localização precisa em Jerusalém é, há muito tempo, motivo de debate entre os especialistas. Hoje, a Igreja do Santo Sepulcro está no local que muitos acreditam ser o Gólgota descrito na Bíblia, mas sua localização dentro dos limites da cidade lança dúvidas sobre sua autenticidade. O problema é que, segundo os costumes judaicos e romanos de 2.000 anos atrás, as execuções ocorriam fora da cidade, o que significa que o Gólgota deveria estar localizado no exterior de Jerusalém.
Em uma publicação de 2016 da Biblical Archeology Review (BAR), os especialistas Marcel Serr e Dieter Viewger explicam que esse raciocínio não se sustenta. Para eles, a Igreja do Santo Sepulcro está, de fato, localizada dentro de Jerusalém, mas dentro de seus limites atuais — não os da época de Jesus. Para distinguir o verdadeiro do falso, era necessário encontrar as muralhas da antiga cidade de Jerusalém e comparar sua localização com a do Santo Sepulcro.
Novas escavações arqueológicas levaram os pesquisadores a considerar dois locais possíveis como sendo o Calvário: a Igreja do Santo Sepulcro, claro, e a Igreja do Redentor, onde uma antiga estrutura de pedra chamada de "Segundo Muro" foi descoberta durante a construção do templo luterano em 1893.
Contudo, após um estudo meticuloso do "Segundo Muro" sob a Igreja do Redentor, os especialistas concluíram que ele não poderia ter feito parte das antigas muralhas de Jerusalém. Isso se deve a dois fatores principais: primeiro, a espessura do muro era de apenas um metro e meio, fina demais para uma muralha de proteção; e segundo, ele datava do século IV d.C.
No caminho do Calvário
Por outro lado, sob a Igreja do Santo Sepulcro, foram encontrados vestígios de atividade agrícola e, graças aos relatos bíblicos, sabemos que as terras ao redor do local da crucificação de Jesus eram cultivadas. Uma análise das pedras enterradas a uma profundidade ainda maior reforça a hipótese de que o local estava, de fato, fora das muralhas de Jerusalém na época da Paixão de Cristo, já que nenhuma pedreira estaria localizada dentro da cidade.
Graças às camadas de sedimento, os especialistas também puderam determinar que o solo sobre o qual o Santo Sepulcro foi construído era, no passado, bem mais elevado. Isso reforça o que sabemos sobre os métodos de execução dos romanos, que exigiam que as execuções ocorressem em lugares altos, para que fossem visíveis e servissem de exemplo para toda a cidade.
Serr e Viewger concluem que o local do Gólgota é, sem dúvida, o mesmo da Igreja do Santo Sepulcro. Segundo eles, a autenticidade do túmulo de Cristo se torna ainda mais plausível porque a sua proximidade com a igreja corresponde à distância descrita entre o Gólgota e o túmulo no Novo Testamento.
Essas pesquisas dão razão não apenas aos milhões de peregrinos que visitaram o Santo Sepulcro, mas, em primeiro lugar, a Santa Helena, mãe de Constantino, o Grande, que foi a primeira a identificar o local da crucificação e a descobrir a Verdadeira Cruz. O imperador Constantino, posteriormente, ordenou a construção da Igreja do Santo Sepulcro.

