Corria o ano de 2015 e o Papa Francisco estava no terceiro de seu pontificado. A primeira carta encíclica do Papa Francisco foi sobre a luz da fé, em 2013, e a segunda trazia o que parecia ser um tema totalmente novo. Laudato Si’ é, basicamente, sobre a ecologia. Apesar de a Igreja falar desse tema desde o período patrístico, era a primeira vez que um documento pontifício focava exclusivamente no tema trazendo temas novos como cuidado coma casa comum e ecologia integral.
O Arcebispo de Palmas, Dom Pedro Brito, considera a encíclica “um estalo, um sinal profético, uma convocação. Ela sacudiu a Igreja, sensibilizou a sociedade e iluminou o mundo. Por isso, acredito que uma releitura da encíclica é urgente para aqueles que já a conhecem, e uma primeira leitura é indispensável para quem ainda não teve esse encontro com a beleza e a gravidade de seu conteúdo”.
De forma profética, Laudato Si’ iluminou a leitura espiritual de sinais dolorosos de nossos tempos. No arco desses dez anos, o mundo passou por grandes desastres climáticos, como as chuvas na Alemanha, os incêndios no Havai, a seca e o dilúvio no Rio Grande do Sul e os incêndios no Pantanal e na Amazônia, e a pandemia que mostrou a instabilidade e fragilidade de nossos sistemas sociais. Segundo Dom Pedro Brito, “a encíclica se tornou um marco de consciência ecológica global. Basta olhar para os desastres ecológicos que, em todos os continentes, vêm ceifando vidas, destruindo estruturas e plantações, rompendo o equilíbrio da criação. Diante disso, é impensável — ou até uma forma de insanidade mental — seguir falando de qualidade de vida e desenvolvimento sem considerar a convivência, a adaptação, a mitigação e, sobretudo, a conversão socioambiental”.
O Papa Francisco publicou uma espécie de extensão da Laudato si’ por meio da exortação Apostólica Laudate Deum, de 2023 que tratou especificamente a questão da mudança climática. De toda forma, Laudato Si’ deve ser lida e relida, nterpretada e compreendida diante do atual contexto do mundo. “Se eu tivesse que resumir a Laudato Si’ em uma imagem, diria que ela é como aquelas parábolas que Jesus contou: a do tesouro escondido e a da pérola preciosa. Precisamos estar dispostos a vender tudo o que temos para adquiri-las. Ou seja, é preciso renunciar a velhos hábitos, interesses e práticas que ferem a Casa Comum para abraçar um novo modo de viver — mais simples, mais fraterno, mais solidário”, conclui Dom Pedro Brito.