Sudão, Palestina, Sudão do Sul, Mali e Haiti estão todos sob risco imediato de inanição e fome, afirmou um novo relatório do Programa Mundial de Alimentos e da Organização para a Alimentação e a Agricultura, publicado em 16 de junho.
O Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) são ambas parte das Nações Unidas. Duas vezes por ano, as organizações publicam o relatório "Pontos Críticos da Fome" (Hunger Hotspots).
"Este relatório deixa muito claro: a fome hoje não é uma ameaça distante – é uma emergência diária para milhões", disse o Diretor-Geral da FAO, Qu Dongyu, em um comunicado divulgado pelas Nações Unidas.
"Devemos agir agora, e agir juntos, para salvar vidas e proteger os meios de subsistência. Proteger as fazendas e os animais das pessoas para garantir que possam continuar a produzir alimentos onde estão, mesmo nas condições mais difíceis e severas, não é apenas urgente – é essencial", acrescentou Qu.
Países de maior preocupação
O relatório identificou Sudão, Sudão do Sul, Palestina, Mali e Haiti como as áreas de maior preocupação.
Iêmen, República Democrática do Congo, Mianmar e Nigéria foram classificados como de "preocupação muito alta", e Burkina Faso, Chade, Somália e Síria também foram destacados como tendo potencial para fome e insegurança alimentar generalizadas.
O Sudão teve uma fome confirmada em 2024, disse o relatório. Isso se deve em parte ao conflito contínuo na região e ao acesso limitado da ajuda humanitária.
"Projetou-se que cerca de 24,6 milhões de pessoas enfrentariam níveis de Crise ou piores (Fase 3 ou superior da IPC) de insegurança alimentar aguda, incluindo 637.000 pessoas enfrentando a Catástrofe (Fase 5 da IPC) até maio de 2025", afirmou o relatório.
O conflito está a agravar ainda mais a fome na Palestina, no Sudão do Sul, no Mali e no Haiti.
Para a Palestina, "a probabilidade de fome na Faixa de Gaza está a crescer, à medida que operações militares em grande escala dificultam a capacidade de entregar assistência humanitária vital, alimentar e não alimentar. Além da crise humanitária que se desenrola na Faixa de Gaza, os altos preços dos alimentos, juntamente com os meios de subsistência esgotados e um bloqueio comercial, acelerarão um colapso econômico", disse o relatório.
Isso inclui toda a população de 2,1 milhões de habitantes de Gaza, que "se projeta que enfrentará níveis de Crise ou piores (Fase 3 ou superior da IPC) de insegurança alimentar aguda, com 470.000 projetados para enfrentar a Catástrofe (Fase 5 da IPC) até setembro de 2025."
No Sudão do Sul, tensões políticas, juntamente com fatores ambientais e problemas econômicos, significam que cerca de 57% da população está "projetada para enfrentar altos níveis de insegurança alimentar aguda". Destes, cerca de 63.000 pessoas estão "projetadas para enfrentar níveis de Catástrofe (Fase 5 da IPC) de insegurança alimentar".
Aumento da violência
Embora a maioria dos países destacados no relatório "Pontos Críticos da Fome" esteja na África ou no Oriente Médio, um deles, o Haiti, está localizado no Caribe.
A combinação de "níveis recordes de violência de gangues e insegurança" está a resultar no deslocamento de pessoas e a "paralisar o acesso à ajuda", disse o relatório.
"Mais de 8.400 pessoas deslocadas internamente (IDPs) já enfrentando níveis de Catástrofe (Fase 5 da IPC) de insegurança alimentar aguda na área metropolitana de Porto Príncipe até junho de 2025", afirmou o relatório.
