Qana, localizada na cidade de Tiro, no sul do Líbano, tem uma população de aproximadamente 10 mil habitantes e, por ora, escapa dos bombardeios direcionados principalmente a regiões muçulmanas xiitas.
A intensificação das operações militares de Israel contra o Hezbollah trouxe um novo contexto para a região, levando muitos a buscar abrigo longe das áreas mais afetadas pelos conflitos. Um líbano-brasileiro e sua pequena filha foram um dos muitos a encontrar segurança em Qana antes de conseguir retornar ao Brasil. Regia Cilene da Silva, mãe desse jovem refugiado, compartilhou ao Metrópoles: “Antes de deixarem a vida em Dahieh, eles foram para Qana, uma região cristã que não está sofrendo ataques como outras partes do país”.
Após dias de incerteza, a família conseguiu embarcar no primeiro voo de repatriação de brasileiros, retornando ao Brasil no último domingo, 6 de outubro. Essa ação se alinha com os esforços mais amplos do governo brasileiro para trazer seus cidadãos de volta para casa durante a crise.
As operações das Forças de Defesa de Israel (FDI) têm se concentrado nos subúrbios de Beirute e em áreas do sul do Líbano, que estão próximas das fronteiras. Enquanto isso, comunidades cristãs, como a de Qana, têm se mantido a salvo da violência direta. A presença cristã no Líbano é significativa, representando cerca de 36 a 40% da população, tornando o país o coração do cristianismo no mundo árabe.
A justificativa para os ataques israelenses se dá pela necessidade de restabelecer a segurança ao norte de Israel, onde muitos cidadãos foram forçados a deixar suas casas devido à onda de ataques do Hezbollah desde o início de outubro de 2023. De acordo com estimativas da Agência da ONU para Refugiados (Acnur), aproximadamente 1,2 milhão de pessoas já se deslocaram dentro do país, em busca de segurança e proteção.
Nesse contexto, a pequena vila de Qana se destaca não apenas como um marco histórico religioso, mas também como uma bolha de esperança e proteção em meio ao desespero e à incerteza que assolam o Líbano, provando que, mesmo em tempos de crise, a compaixão e a solidariedade ainda prevalecem.