Martin, 13 anos, não tem vontade de ir à reunião de primos. Não haverá nenhum primo da sua idade. Quanto a Lise, ela se recusa a ir a uma palestra de orientação no colégio: está sem vontade! Essa resistência ao esforço corta o ímpeto educativo de muitos pais e os leva a questionar: devem obrigar seus filhos ou deixá-los ir no seu próprio ritmo? A criança é naturalmente autocentrada em suas necessidades e, sobretudo, em seus desejos.
Poderíamos dizer de forma grosseira que seu lema é "Eu primeiro" ou ainda – Tudo para mim", como diz com humor Mélanie, uma mãe descontraída.
É a educação dos pais e a convivência com os outros que obrigam a criança a considerar o próximo e desenvolvem sua empatia. Compartilhar o amor dos pais, dividir o banheiro, um quarto com o irmão ou a irmã, um bolo de domingo... são tantas oportunidades de aprendizado. O superação de si parte de uma falta, que cria o desejo, que impulsiona a agir. Infelizmente, nossa sociedade de opulência, a sacralização de nossa liberdade e a acumulação de direitos anestesiam nossos desejos... e sobretudo os das crianças.
Prover o bem-estar de crianças maiores, adolescentes e jovens adultos pode impedi-los de aprender. Muitos pais atualmente desejam oferecer uma infância perfeita a seus filhos, alegando que "eles enfrentarão cedo as obrigações da vida". Embora seja normal cuidar das necessidades de um bebê, que não consegue se cuidar, continuar a garantir o bem-estar de crianças mais velhas os impede de desenvolver habilidades.
Viver é um verbo de ação. Nossos filhos precisam aprender a cuidar de si mesmos e a contribuir para o mundo, gradualmente, de acordo com suas capacidades físicas e psicológicas. Caso contrário, quando chegar o momento de serem autônomos, a transição se torna muito difícil.
Com amor, desafiando o conforto
As crianças não têm a maturidade ou o conhecimento para saber o que é melhor para elas e para o futuro. Os pais, por outro lado, têm mais experiência e competência e estão mais preparados para guiá-los. Portanto, é legítimo que os pais os incentivem, pois os amam e desejam o melhor para eles!
Para que suas palavras sejam ouvidas e compreendidas, os pais podem apelar ao amor. Por exemplo, Annabelle diz aos filhos: "Às vezes não tenho vontade de fazer uma atividade com você, mas faço assim mesmo porque te amo. Espero que você também consiga superar a sua preguiça para mim (ou pela família)".
A vontade e a coragem não são inatas; elas resultam de treinamento.
É ao sair de si mesmo que se desenvolvem qualidades e se descobre a alegria nas relações. Isso exige esforço, mas os retornos são amplamente compensadores! Lembremos do apelo do Papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, em 2016: deixem seu "sofá do conforto"!
