Desde 2023 uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) exige que os produtos alimentícios tenham na embalagem um alerta sobre a presença de alta quantidade de gordura saturada, açúcar adicionado ou sódio. Esses produtos que tem o desenho da “lupa” são, em geral, os ultraprocessados que se caracterizam também pelo excesso de ingredientes artificiais, como aromatizantes e corantes. Essas informações são importantes para assegurar a qualidade da alimentação.
O que são?
Segundo Laís Amaral, coordenadora do programa de Alimentação Saudável e sustentável do Instituto de Defesa do consumidor (IDEC), “os ultraprocessados são formulações industriais que na sua composição tem muito pouco de comida de verdade. Eles são produtos compostos por quantidades excessivas de nutrientes prejudiciais à saúde, como sódio, açúcar e gordura. Também são caracterizados pela presença na sua composição de ingredientes de uso culinário raro, como amido modificado, gorduras hidrogenadas e extratos, além de aditivos com funções cosméticas, que vão dar cor, sabor, textura e aroma artificiais para esses produtos, como aromatizantes e corantes”.
Existe vasta propaganda desses alimentos, muito mais do que dos alimentos naturais, o que é chamado também de “comida de verdade”. Contudo, estudos comprovam que ultraprocessados estão ligados a problemas de saúde como obesidade, hipertensão e doenças do coração.
Como identificar?
“O segredo para a gente identificar esse tipo de produto é ler a lista de ingredientes, um aspecto obrigatório no rótulo do alimento. Essa lista vem em ordem decrescente de quantidade, ou seja, o primeiro ingrediente que aparece está em maior quantidade e, por último, aparecem os aditivos alimentares, que normalmente são aqueles nomes esquisitos terminados em ‘anti’, ‘corante’, ‘aromatizante’, etc. Essa é uma dica para a gente conseguir identificar esse tipo de aditivo. Se tem aditivo alimentar, esse produto vai ser um ultraprocessado. Outra dica é a lupa frontal. Essa rotulagem frontal foi aprovada pela Anvisa há poucos anos e indica altas quantidades de sódio, açúcar adicionado e gordura saturada. Isso nem sempre vai dizer se o alimento é ultraprocessado ou não, mas ajuda a escolher produtos de maneira mais saudável”, explica Laís Amaral.
Atenção com as crianças
Uma pesquisa da Unicef indica que o consumo de ultraprocessados cresceu entre os mais pobres do Brasil. Bolachas recheadas, macarrão instantâneo e bebidas açucaradas estão entre as substituições que são feitas de frutas, legumes e sucos.
Além dos problemas relacionados à saúde, segundo Laís Amaral, devemos ter um cuidado especial com as crianças, pois, “estão formando o paladar, aprendendo a comer, aprendendo os sabores, as texturas e tudo mais. É super importante que as crianças não tenham contato com esse tipo de produto e se alimentem de uma forma variada, de uma forma saudável a partir de alimentos naturais ou minimamente processados. Lembrando que, pelos mesmos motivos, deve-se evitar o açúcar até os dois anos de idade, tanto por conta da saúde, quanto pela formação do paladar, dos hábitos alimentares”.
Dicas
O primeiro passo é a organização. Se preparar para que o alimento saudável seja incorporado na alimentação. Isso inclui ir à feira e a mercados que vendem esse tipo de produto, ter uma organização de higiene desses produtos e de preparo.
Outra ideia é levar para o trabalho um lanche, uma fruta, alguma coisa fácil de se alimentar, mas que não seja ultraprocessada.
E uma dica muito importante é não ter ultraprocessado em casa, para não acabar consumindo.

